Filho de Weah é a nova esperança na seleção americana
Futebol internacional. Ex-goleador convertido em presidente da Libéria tem sucessor nos relvados: o descendente, nascido nos EUA, já chegou à seleção e à equipa principal do Paris SG
É mais um sintoma do revivalismo dos anos 1990 que começa a invadir os relvados: Timothy Weah, filho do antigo goleador do Paris SG e Milan George Weah (agora presidente da Libéria), já desponta na equipa parisiense e na seleção dos EUA. A sua estreia pelos yanks poderá ser daqui a uma semana, num particular contra o Paraguai.
Tim, o filho do presidente Weah, é apenas mais um descendente de um homem-golo da década de 1990 a chegar à ribalta (Federico Chiesa, Justin Kluivert e Jordan Larsson também já foram chamados às respetivas seleções nacionais). Ainda assim, o caso do avançado, de 18 anos, é especial: pelo currículo lendário do pai e pelo facto de jogar por uma seleção diferente da do progenitor (mesmo que Libéria e EUA tenham laços próximos, desde a fundação do país africano por escravos americanos libertos – ver à direita).
Nascido e criado nos EUA, Tim transferiu-se das escolas dos New York Red Bulls para os escalões de formação do Paris Saint-Germain em 2014. Em julho passado, assinou contrato profissional com o emblema parisiense. E, há duas semanas, estreou-se na Liga francesa, frente ao Troyes. Esse percurso ascensional – e os seus desempenhos nas equipas jovens do PSG e dos EUA – impressionou o selecionador interino, Dave Sarachan.
Os EUA vão preparando o rejuvenescimento da seleção, após o falhanço da qualificação para o Mundial 2018 – a exemplo do que acontece com a Itália (de Chiesa) ou a Holanda (de Kluivert).“Tim está a jogar por um clube de alto nível, que já lhe deu alguns primeiros minutos na equipa principal [voltou a ser convocado por Unai Emery para os últimos jogos, contra Metz e Angers]: esse é um excelente sinal da sua progressão. Ele é um jogador versátil, que pode fazer várias posições, e merece uma oportunidade, tendo em conta a sua velocidade, qualidade técnica e juventude”, destacou o selecionador, ao justificar a convocatória de TimothyWeah para o particular da próxima terça-feira, dia 27, com o Paraguai.
Foi precisamente contra a seleção paraguaia – no mundial de sub-17 do ano passado – que Timothy Weah começou a ganhar fama global, fazendo jus ao nome do pai. O avançado fez três golos na goleada (5-0) que apurou os EUA para os quartos-de-final da prova: uma façanha que nenhum jogador americano conseguira numa competição desse nível. E algo que GeorgeWeah também não logrou: a frágil Libéria nunca participou numa fase final do Campeonato do Mundo (ou sequer da Taça das Nações Africanas).
George Weah foi, ainda assim, o único jogador africano a conquistar a Bola de Ouro e o prémio da FIFA para melhor futebolista do mundo (ambos em 1995). E é a sua sombra – pelos golos que marcou ao serviço de Mónaco, Paris SG, Milan, Chelsea, Manchester City e Marselha, mas principalmente pelo estatuto com que deixou a capital francesa, em 1995 – que já paira e vai continuar a pairar sobre Timothy. “Isso é normal, porque o meu pai foi um grande jogador do PSG. Mas é algo que ainda me motiva mais para me esforçar ao máximo, já que as pessoas esperam muito de mim. O meu pai alcançou grandes coisas aqui e eu quero fazer o mesmo”, reage o adolescente.
Só o tempo dirá se Timothy consegue fazê-lo. O seu irmão mais velho, George Weah Jr., ficou aquém das expectativas: médio, formado no AC Milan, teve uma carreira discreta e, aos 30 anos, joga no FC Aigle, dos escalões secundários suíços. No entanto, o avançado do Paris SG parece focado em fazer melhor.
E, mesmo crescendo à distância do pai (GeorgeWeah foi eleito presidente da Libéria em finais do ano passado, após quatro anos como senador e duas candidaturas falhadas às presidenciais), recebe os seus conselhos. “Ele diz-me ‘sente-te livre, nada tens a provar, mostra apenas que és um bom jogador e verás que tens um futuro brilhante’”, revelou Timothy Weah durante o mundial de sub-17. E, desde então, despontou para o estrelato.