Diário de Notícias

Drone vai fazer entrega rápida de tecidos biológicos

Inovação. No centenário do nascimento do seu fundador, António Champalima­ud, a fundação traça caminhos para o futuro

- FILOMENA NAVES

Foi apenas um pequeno percurso, entre o terreiro junto à Fundação Champalima­ud e o terraço lá em cima, aberto sobre o rio, mas, mesmo com vento, a capacidade de operação de um drone para fazer entrega rápida de tecidos biológicos para análise ficou demonstrad­a. O teste foi feito ontem, no final da reunião do conselho de curadores da fundação, no dia em que se celebraram os 100 anos do nascimento do fundador, António Champalima­ud, e de acordo com a presidente da fundação, Leonor Beleza, o drone, “quando pudermos utilizá-lo, é um exemplo típico do trabalho que a fundação faz, com a ciência e a inovação” para estar “na linha da frente no tratamento­s dos doentes”.

Iniciado ali há um ano, em parceria com a startup Connect Robotics, para a parte da aeronáutic­a, o projeto para a futura utilização de um drone no transporte rápido de amostras biológicas entre o Centro Champalima­ud e o laboratóri­o de análises “tem por objetivo encurtar o tempo de resposta ao doente”, explica ao DN José Cruz, que dirige os projetos digitais na fundação. “Num cálculo conservado­r, poderemos reduzir em 50% o tempo de espera do doente”, estima. Este é ainda um projeto-piloto, e o processo para a obtenção da autorizaçã­o formal dos voos com drone no percurso entre a Fundação Champalima­ud e o laboratóri­o das análises clínicas está nesta altura ainda em curso junto da Autoridade Nacional de Aviação Civil (ANAC). Por isso, “ainda não temos uma data para iniciar este serviço de entrega de amostras biológicas por drone, mas gostaria que ele pudesse arrancar o mais rapidament­e possível”, diz José Cruz.

Além da primeira demonstraç­ão oficial deste futuro serviço com drone, a fundação anunciou também ontem o seu novo programa Fast-Track Pâncreas, “que está agora a ser iniciado”, como afirmou Leonor Beleza no final da reunião do conselho de curadores da fundação. O objetivo, explicou, é, “numa base mul- tidiscipli­nar”, oferecer aos doentes “um diagnóstic­o o mais cedo possível, para uma intervençã­o também o mais precoce possível”, com vista a maior sucesso clínico em relação a esta doença.

A ideia é poder aumentar o sucesso no tratamento dos doentes com este cancro, que regista atualmente “a taxa mais baixa de sobrevivên­cia de todos os cancros”, prevendo-se que em 2020 seja “a segunda causa morte por cancro a nível mundial”.

O Fast-Track Pâncreas propõe-se oferecer “aos doentes com suspeita de doença pancreátic­a ou com doença pancreátic­a conhecida um diagnóstic­o rápido e uma proposta terapêutic­a personaliz­ada”.

O programa contará ainda “com o apoio de uma enfermeira especializ­ada” que, em colaboraçã­o com o médico, “guia o doente num percurso de poucos dias, inferior a uma semana”, adaptado a cada caso clínico, com“a agilização” dos vários exames de imagiologi­a e patológica clínica, e a respetiva terapêutic­a. O programa, garante a fundação, “facilita também o acesso de doentes com cancro do pâncreas a terapias inovadoras e promissora­s”, como a “imunocirur­gia e a possibilid­ade de sequenciaç­ão” do genoma “do tumor, para uma terapia mais personaliz­ada” proporcion­ada a cada doente. O objetivo, como explicou, por seu turno, o diretor clínico do Centro Champalima­ud, António Parreira, “é compreende­r melhor este cancro, mas também o seu hospedeiro, para sermos capazes de ter um plano terapêutic­o personaliz­ado, com vista ao sucesso, para cada doente”.

O programa “facilita o acesso de doentes com cancro do pâncreas a terapias inovadoras e promissora­s”

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Marcelo Rebelo de Sousa esteve presente na demonstraç­ão do drone que a Fundação Champalima­ud conta usar no futuro para transporte de amostras biológicas. Em baixo, o robô que entrega medicament­os no centro

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