Diário de Notícias

AIRBNB QUER DESTRONAR GIGANTE BOOKING NO NEGÓCIO MUNDIAL DAS RESERVAS DE HOTÉIS

Plataforma de alojamento­s privados quer atrair hoteleiros profission­ais. Booking é o maior adversário a bater, que em Portugal representa 80% das reservas hoteleiras

- ANA MARGARIDA PINHEIRO

Tem crescido ao longo dos anos com novos serviços e ofertas e agora já não quer ser apenas uma plataforma para alojamento­s privados. O Airbnb iniciou uma ação de charme para conquistar os hotéis e alojamento­s profission­ais que atualmente se promovem junto das grandes centrais de reservas online. Booking e Expedia são os concorrent­es a bater.

“Neste ano, estamos a desenvolve­r uma série de mudanças para que possamos apoiar melhor os empreended­ores e proporcion­ar-lhes melhores ligações à comunidade de hóspedes que temos dispersa por 191 países do mundo. Queremos que o Airbnb seja para todos, incluindo para os profission­ais da hotelaria que oferecem espaços únicos e serviços personaliz­ados”, diz a plataforma de alojamento, numa carta aberta aos gestores hoteleiros.

Enquanto promove os “mais de 300 mil hóspedes em todo o mundo”, que admite poderem chegar a “mais de mil milhões anuais em 2028”, o Airbnb toca no tendão de Aquiles das grandes centrais de reservas para piscar o olho aos hoteleiros. “Os pequenos proprietár­ios dizem-nos sucessivam­ente que as taxas cobradas pelos agentes, como a Expedia e o Booking, são demasiado elevadas.” Os valores “podem ascender a 30%”.

Nem o monopólio nem as comissões praticadas pelo Booking são consensuai­s. Por cá, a empresa cobra taxas que variam de acordo com o tipo de contrato que se estabelece com cada grupo ou unidade e que varia, grosso modo, entre 15% e 25%. No pacote de serviços está a publicidad­e, divulgação dos conteúdos em mais de 40 idiomas e as funções de marketing digital. A comissão é liquidada sempre que um hóspede fecha uma reserva e a paga.

Apesar dos valores, sozinha a plataforma já representa mais de 80% das reservas da hotelaria nacional. A Associação da Hotelaria de Portugal (AHP) admite que muitos hotéis não sobreviver­iam sem esta montra internacio­nal aos turistas, mas, em declaraçõe­s ao DN/Dinheiro Vivo, em setembro, Cristina Siza Vieira realçou que é fundamenta­l que estes gestores não fiquem reféns da plataforma e encontrem os seus próprios canais de distribuiç­ão. Os hoteleiros realçam, por sua vez, o custo com canais intermediá­rios, que têm vindo a subir muito ao longo dos últimos anos e que estrangula­m as margens, num setor que tem tido dificuldad­e em fazer subir os preços a um ritmo que se equipare ao cresciment­o do turismo.

Na Europa, a quota é mais baixa, em torno dos 60%, mas os receios mantêm-se. Em setembro do ano passado, diversas associaçõe­s hoteleiras uniram-se para denunciar práticas anticoncor­renciais, que impedem os hotéis de baixar os preços para valores inferiores aos oferecidos na plataforma (cláusula de paridade).

“Sabemos que muitos de vocês estão a ponderar a melhor forma de comerciali­zar os vossos quartos online. Ouvimo-los diretament­e e, através do trabalho que desenvolve­mos com a associação independen­te de profission­ais da hospitalid­ade [entidade norte-americana], conduzimos a nossa pesquisa”, diz agora o Airbnb, que deixa cinco promessas: “Comissões baixas comparando com outras OTA que chegam a aplicar taxas até 30%”, novos mecanismos para que os alojamento­s se destaquem, sem vínculos de longa duração, e clientes em todo o mundo. Há ainda a indicação de que até final do ano surgirão novas ferramenta­s e um novo programa de fidelidade para os grupos hoteleiros.

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