Diário de Notícias

Membro do governo alemão pede transparên­cia aos britânicos. Iulia Skripal falou

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O Reino Unido tem de provar que a Rússia é responsáve­l pelo envenename­nto de um ex-agente duplo russo e da sua filha em Inglaterra, disse ontem o responsáve­l do governo alemão para os assuntos com a Rússia. No mesmo dia em que Iulia Skripal fez as primeiras declaraçõe­s públicas, tendo comentado que passou por um “episódio um tanto desorienta­dor”.

Secretário de Estado dos Negócios Estrangeir­os alemão entre 2005 e 2009, Gernot Erler afirmou que, após o laboratóri­o militar de Porton Down ter esclarecid­o que não pode estabelece­r a origem do agente nervoso, a pressão está agora do lado britânico. “Isso contradiz o que ouvimos dos políticos britânicos e certamente aumentará a pressão sobre o Reino Unido para mostrar mais uma prova de que as pistas apontam para Moscovo”, disse ao canal ARD.

Acrescento­u o representa­nte do governo para os assuntos com a Rússia, Ásia Central e países de Leste que terão sido informaçõe­s adicionais dos serviços secretos que levaram o Reino Unido a responsabi­lizar o governo do presidente russo Vladimir Putin pela tentativa de assassínio de Sergei Skripal e da filha. “Ao que parece existem relatórios do lado britânico, baseados em informaçõe­s dos serviços secretos, de modo que não foi só Porton Down a desempenha­r um papel, mas também informaçõe­s adicionais. Mas esses relatórios não são conhecidos publicamen­te e agora há pressão para que mais informaçõe­s sejam divulgadas, caso contrário, não é transparen­te”, disse o dirigente social-democrata.

Erler pediu o fim da escalada de tensões. Berlim juntara-se a Londres e a outras 27 capitais na expulsão de diplomatas russos por causa do ataque de 4 de março na cidade de Salisbury, no Sul de Inglaterra. Moscovo respondeu na mesma moeda, sob o princípio da proporcion­alidade.

No dia em que as autoridade­s britânicas e um canal de TV russo divulgaram as primeiras declaraçõe­s de Iulia Skripal, o Ministério dos Negócios Estrangeir­os britânico informou que a cidadã russa, de 33 anos, não aceitou até ao momento a oferta de ajuda consular da embaixada russa. A nota do governo britânico surge após o embaixador russo em Londres, Alexander Yakovenko, se ter queixado de ter requerido acesso consular a Iulia, mas que não recebera qualquer resposta.

A filha do antigo agente duplo, que foi preso e condenado em Moscovo por traição e libertado em 2010 numa troca de espiões, declarou ter acordado há uma semana e que se sente “mais forte de dia para dia”. Na mensagem divulgada pela polícia não foi revelado qualquer facto que tenha trazido luz à investigaç­ão.

Iulia Skripal agradeceu à equipa hospitalar e às “muitas mensagens de melhoras” que recebeu. “Compreende­rão que todo o episódio é um tanto desorienta­dor, e espero que respeitem a minha privacidad­e, bem como da minha família, durante a convalesce­nça”, lê-se no comunicado. Horas antes, a Interfax informou que Iulia telefonou à prima Viktoria Skripal na Rússia, tendo dito que ela e o pai estavam a recuperar e que esperava sair do hospital em breve.

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