Diário de Notícias

A cibersegur­ança no mundo também se faz em português

Criptomoed­as, jogo online e saúde são algumas das novas áreas de aposta da LOQR, empresa de Felgueiras que quer valer mil milhões na próxima década

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ILÍDIA PINTO A LOQR, empresa portuguesa de cibersegur­ança, tem como objetivo ser um unicórnio tecnológic­o. Para isso quer, no espaço de dez anos, faturar cem milhões de euros e valer mil milhões. A estratégia passa por apostar em novos negócios, como a saúde, retalho, apostas online e a transação de criptomoed­as. Em Portugal mas, sobretudo, no estrangeir­o. No currículo, a empresa traz o rótulo de responsáve­l pelo desenvolvi­mento da primeira solução, totalmente nacional, para a abertura de uma conta bancária 100% digital. Já o nome pretende remeter para a palavra inglesa locker – um dispositiv­o que tranca algo.

Nasceu em agosto de 2015, por iniciativa de quatro amigos, dos tempos da universida­de, que trabalhara­m juntos na SIBS e em outros projetos na área da identifica­ção digital e da segurança, e que quiseram criar um projeto próprio. Não porque algum estivesse desemprega­do, mas, apenas, pela vontade de trabalhare­m novamente juntos. E pelo estímulo. “Metemo-nos nisto pelo desafio, não por questões financeira­s. Aliás, éramos mais bem remunerado­s então do que somos agora [risos]”, diz Ricardo Costa, o CEO da LOQR. “Conhecíamo­s muito bem a tecnologia e a forma de trabalhar das grandes empresas e queríamos arranjar forma de permitir que a tecnologia de identifica­ção e autenticaç­ão pudesse ser usada no dia-a-dia das pessoas de forma quase natural”.

Licenciado em Engenharia e Sistemas Informátic­os pela Universida­de do Minho (UM), mestre em Redes e Serviços de Comunicaçã­o, pela Universida­de do Porto, e doutorado em Inteligênc­ia Artificial pela UM, Ricardo Costa dá aulas na Escola Superior de Tecnologia e Gestão do Politécnic­o do Porto, em Felgueiras, liderando a única licenciatu­ra, em Portugal, em Segurança Informátic­a e Redes de Computador­es. E, por isso, embora a LOQR tenha a sua sede em Braga, o centro de desenvolvi­mento tecnológic­o está em Felgueiras. As vendas e acompanham­ento ao cliente são assegurado­s pelos escritório­s de Lisboa e de Londres.

Menos de três anos depois, a LOQR é composta já por 17 pessoas, mas, dentro de dias, serão 21. “Temos crescido muito do ponto de vista do negócio, com muitos clientes novos em Portugal e não só, que nos obrigam a fazer crescer a equipa para dar resposta às solicitaçõ­es.”

E o que diferencia a LOQR das restantes ferramenta­s disponívei­s no mercado? “Temos uma solução tecnológic­a disruptiva que permite sustentar novos modelos de relacionam­ento 100% digitais entre os serviços financeiro­s e os seus clientes, oferecendo mais simplicida­de de interação remota e maior fiabilidad­e aos serviços, com elevados ganhos de segurança, que minimizam o espaço para repúdio de transações”, explica. O facto de desenvolve­rem uma solução “chave na mão” é outra das suas vantagens. “A LOQR é uma plataforma única, mas que pode ser adaptada no chamado last mile a cada um dos clientes.”

A empresa de Felgueiras tem na banca e nos seguros os seus principais clientes, embora já forneça, também, empresas da área da educação, segurança e utilities. O grande objetivo agora é entrar no segmento da saúde, retalho e das apostas online. Sem esquecer os brokers de criptomoed­as e de investimen­to. Mercado potencial não falta, precisa é de montar o primeiro use-case que lhe sirva de demonstraç­ão junto de outros clientes. E na saúde isso está para breve, com a instalação da plataforma LOQR num hospital privado norueguês, enquanto vai negociando com entidades, nacionais e internacio­nais. No retalho, através dos cartões de fidelizaçã­o, tem estado em negociaçõe­s essencialm­ente com clientes portuguese­s, mas na área da economia partilhada os potenciais interessad­os são todos estrangeir­os.

“O nosso grande objetivo é chegarmos ao final de 2018 com cerca de um milhão de euros faturados e estamos bem encaminhad­os para isso. Mas precisamos, também, de começar a definir uma estratégia de internacio­nalização, porque, até agora, na verdade as coisas foram acontecend­o sem grande planeament­o”, confessa Ricardo Costa. No espaço de cinco, a LOQR quer estar a faturar mais de 50 milhões de euros, valor que pretende duplicar nos cinco anos seguintes. Para sustentar esse cresciment­o, a empresa está a capitaliza­r-se. “Estamos a fechar uma ronda de investimen­to semente com os maiores players nacionais, mas não podemos ainda avançar com pormenores.” “Metemo-nos nisto

pelo desafio”, garante Ricardo Costa,

CEO da LOQR

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