Diário de Notícias

Pedrito Coelho sempre em sarilhos, agora no teatro

Crianças. A personagem que Beatrix Potter criou há mais de um século para um menino de 5 anos mantém o encanto. Hoje e amanhã, está no palco do auditório de Linda-a-Velha

- LINA SANTOS

“Podem brincar no campo ou no caminho, mas não vão para a horta do senhor Gregório”, pede a mãe coelha aos seus quatro filhos coelhinhos. Quem desobedece? Pedrito, que era muito travesso, e se esgueirou por baixo do portão, lê-se no conto de Beatrix Potter que as associaçõe­s culturais Linguagem Próxima e a Enredo Afirmativo levam ao teatro, hoje e amanhã, às 11.00, no auditório da Igreja do Sagrado Coração de Maria, em Linda-a-Velha.

O ator Carlos Custódio explica que já tinha começado a trabalhar na história do Pedrito Coelho quando soube que a personagem, com mais de um século de vida, ia chegar ao cinema. “Fiquei a pensar se seria bom, se seria mau encenar o conto.” Avançou. “Gosto muito do texto”, argumenta.

“O texto foi o que me seduziu”, confessa. “A relação com a natureza, entre crianças e adultos, a exploração e experiment­ação, o que é ser bom, o que é ser mau. É um texto no qual encontramo­s muitas questões filosófica­s”, explica. Afinal, Pedrito é desobedien­te, vai ser obrigado a fugir do senhor Gregório até regressar à toca num talude de areia por baixo das raízes de abeto. Em palco, “jogamos com a surpresa, com o lúdico”, antecipa Carlos Custódio. Pedrito Coelho – Sarilhos na Horta é uma peça que foi pensada para crianças do pré-escolar ao ensino básico.

Filme e peça de teatro acabam por estrear-se com pouco mais de uma semana de intervalo. Carlos Custódio já sabe que no cinema o texto se afasta mais da história original, “segundo li”, diz. Em palco, a opção foi cingir-se ao texto original. Mesmo o cenário, com desenhos de Luís Santos, “quase todos pintados à mão”, remete para esse universo criado por Beatrix Potter. “Trabalha sobre essa imagem, mas com uma reviravolt­a.”

Como o próprio Carlos Custódio lembra, Pedrito Coelho conhece várias expressões para lá da história escrita e ilustrada pela britânica Beatrix Potter. “Há a série infantil, o bailado...” Viu todos e, “já agora”, também vai ver o filme.

A personagem aparece pela primeira vez em 1893 numa carta dirigida a Noel Moore, um menino de 5 anos, filho da antiga precetora de Potter. Em 1901, a história de Pedrito Coelho e as suas aventuras na horta do senhor Gregório são desenvolvi­das e publicadas. Não sem antes terem sido recusadas por vários editores.

É a primeira vez que Carlos Custódio, ator formado no Centro Dramático de Évora, encena. Neste caso, em duplo papel, já que partilha o palco com Ana Videira e Inês Tarouca, as outras atrizes de Pedrito Coelho – Sarilhos na Horta. “Ana e Carlos já se conheciam e foi a atriz que trouxe Inês Tarouca para o projeto, tal como Luís Santos, que colaborou com a Cornucópia no passado, e é responsáve­l pelos cenários e figurinos.

A peça é também a estreia no teatro infantil das associaçõe­s de que faz parte, Linguagem Próxima e Enredo Afirmativo. “É uma coprodução de ambas”, conta o ator. A Linguagem Próxima nasceu em 2015 e está por trás da plataforma CoffeePast­e, um portal para a comunidade das artes. A Enredo Afirmativo está virada para a produção e divulgação artística nas diferentes formas.

Depois de Linda-a-Velha, a peça vai até ao Centro Cultural Casapiano, em Lisboa, a 17 de maio (14.30) e 18 (10.30 e 14.30).

“O texto foi o que me seduziu, a relação com a natureza, entre crianças e adultos, a exploração”, diz o encenador

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