Diário de Notícias

Exibição de luxo do Sporting não chegou para eliminar o Atlético

Após as ondas de choque da última semana, o Sporting protagoniz­ou uma exibição de luxo e não esteve longe de virar o Atlético

- BRUNO PIRES

Terminou o sonho europeu do leão. E a eliminatór­ia foi mesmo perdida em Madrid após uma exibição distante daquilo que se passou ontem à noite em Alvalade – em que a remontada não foi, decididame­nte, uma utopia, por aquilo que se viu em campo.

O Sporting sai com muita honra da Europa do futebol, vencendo um Atlético de Madrid que, nos últimos quatro anos, só caiu em eliminatór­ias perante o Real Madrid.

Não se podia pedir mais a Jorge Jesus. No meio da missão de paz que tem vindo a mediar entre plantel e presidente conseguiu – sem Piccini, Fábio Coentrão, William Carvalho e Bas Dost (e depois ainda se viu sem Mathieu numa fase inicial da partida) – estruturar uma equipa capaz de surpreende­r o vice-líder da Liga espanhola.

O melhor elogio que se pode fazer a treinador e jogadores do Sporting é que conseguira­m em grande parte do jogo, sobretudo nos primeiros 45 minutos, realizar uma exibição de luxo, a melhor da época, e vulgarizar uma equipa que foi finalista da Liga dos Campeões por duas vezes nos últimos cinco anos.

Os colchonero­s na primeira parte tiveram zero oportunida­des e limitaram-se a ver o Sporting jogar e construir lances claros que lhe podiam ter permitido, pelo menos, chegar ao intervalo com a eliminatór­ia empatada. Acuña, Coates e Gelson tiveram nas suas cabeças golos cantados – principalm­ente o uruguaio, que viu a bola desviada por Oblak, numa extraordin­ária defesa do esloveno.

A linha de três centrais do Sporting, os setores muito juntos (quase colados para facilitar a reação à perda da bola) e os posicionam­entos de Gelson e Bruno Fernandes, um pouco atrás de Montero con- fundiam o Atlético de Madrid e deixavam Simeone à beira de um ataque de nervos, sempre a retificar a equipa. Percebia-se que o Sporting tinha as meias-finais ao seu alcance e essa ideia ficou ainda mais clara depois de Montero ter marcado o único golo do encontro num lance em que Oblak avaliou mal e desfez pior o centro de Bruno Fernandes, muito chegado à baliza.

À beira do intervalo, com o Atlético encostado às cordas, Gelson teve na cabeça o 2-0 e, visto da bancada, parecia que a bola só podia ter como destino as redes da baliza do Atlético de Madrid. A saída de Bryan Ruiz No segundo tempo claro que os espanhóis surgiram mais pressionan­tes, mas a primeira real oportunida­de só surgiu aos 58 minutos, com Griezmann a testar Rui Patrício numa altura em que o lesionado Diego Costa já tinha sido rendido por Fernando Torres.

Faltava um clique, uma pitada de sorte para que o segundo golo acontecess­e – e ele podia ter surgido, novamente pela cabeça de Gelson ou por um remate de Montero, que tentou atirar em jeito mas sem força. Aos 70’, Jesus, na ânsia de esticar a equipa e forçar o segundo golo, terá cometido um erro de análise ao retirar Bryan Ruiz, que estava a fazer uma enorme exibição ao lado de Battaglia. Rúben Ribeiro nada acrescento­u e, com essa mudança, o Sporting desorganiz­ou-se e permitiu que Griezmann se isolasse duas vezes – numa delas Patrício esteve em grande nível.

Doumbia ainda foi lançado, Gelson terminou a lateral, mas o Sporting ficou mesmo fora da Europa após uma extraordin­ária exibição que deve deixar o seu presidente orgulhoso, mas que, vendo bem as coisas, nada vale, pois foi o Atlético a seguir em frente. Resta agora o campeonato, a importantí­ssima meia-final da Taça de Portugal com o FC Porto e a amenização de um ambiente que, como é óbvio, deixou marcas. E se a bola não entra...

 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Portugal