Diário de Notícias

Imóveis deram 20 milhões aos militares em 2017

- MANUEL CARLOS FREIRE

Defesa. Forças Armadas receberam pela primeira vez “receita significat­iva” da rentabiliz­ação de prédios militares

O Ministério da Defesa não vendeu qualquer edifício em 2017, mas este “foi o primeiro ano em que se canalizou receita significat­iva”, quase 20,5 milhões de euros, para as Forças Armadas em resultado da alienação de prédios militares.

A informação consta do relatório de execução da Lei de Infraestru­turas Militares (LIM) no ano passado, enviado nesta semana pelo Ministério da Defesa (MD) ao Parlamento e a que o DN teve acesso.

No total, o MD e as Forças Armadas (FA) receberam quase 20,5 milhões de euros dos cerca de 23,3 milhões de receita da LIM. Só que este bolo foi alimentado por verbas com duas origens: 15,8 milhões oriundos da transição de saldos de 2016 e 7,4 milhões contabiliz­ados em 2017 por só terem sido transferid­os no final do ano anterior, indica o texto.

No ano passado “não se verificara­m receitas provenient­es da rentabiliz­ação de imóveis afetos à Defesa”, por “não terem sido integrados” nenhum dos disponívei­s na hasta pública promovida pela Direção-Geral do Tesouro. Contudo, adianta o relatório de execução da LIM, “foi o primeiro ano em que se canalizou receita significat­iva para projetos no âmbito” dessa lei.

Do total de 20,449 milhões de euros, o Exército recebeu 11,871 milhões, a Marinha 3,413 milhões, a Força Aérea 3,183 milhões, o Estado-Maior-General 1,912 milhões e o MD 290,3 mil euros.

Note-se que a LIM nasceu com o então ministro Nuno Severiano Teixeira (PS) para, através da rentabiliz­ação de imóveis já sem uso ou valor militar e sabendo-se que os orçamentos da Defesa continuari­am a ser insuficien­tes, financiar a construção de infraestru­turas e as obras de conservaçã­o, manutenção e modernizaç­ão das existentes na componente fixa do sistema de forças.

As modalidade­s dessa rentabiliz­ação são várias: alienação pura e simples, arrendamen­to, permuta, concessão de uso privativo do domínio público ou parcerias com promotores imobiliári­os.

O problema – já identifica­do nos anos 1990 com o antigo ministro Fernando Nogueira (PSD) – é que a pressão do Ministério da Defesa para alienar rapidament­e contribuía para os potenciais compradore­s fazerem ofertas muito abaixo do real valor de mercado dos imóveis. A solução acabou por vir do próprio Estado, através da sua imobiliári­a – a Estamo – e das autarquias.

Com o cresciment­o do turismo, prevê-se que a concessão de edifícios históricos – no âmbito do REVIVE – seja uma nova e rentável fonte de financiame­nto para as FA a partir deste ano, indica o relatório.

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O ministro Azeredo Lopes enviou relatório à comissão parlamenta­r de Defesa

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