Diário de Notícias

PSD com “governo-sombra”, sem prazo para programa eleitoral

Anúncio. Rio anunciou Conselho Estratégic­o – que diz não ser um governo-sombra. Tem pelo menos uma caracterís­tica comum com o executivo de Costa: mulheres não chegam a um terço

- SUSETE FRANCISCO

Seis ex-ministros. Oito independen­tes. Nove mulheres – menos de um terço do total. Três deputados. Uma média de idades de 60 anos para os coordenado­res e de 45 para os porta-vozes.

Este é o retrato do “governo-sombra do PSD”, o órgão que vai preparar o programa eleitoral dos sociais-democratas às legislativ­as de 2019, ontem anunciado pelo líder do partido, Rui Rio. Um misto de “renovação” e “experiênci­a”, nas palavras do presidente social-democrata: “Há aqui uma renovação, é justamente a capacidade de sabermos equilibrar a experiênci­a, saber e ponderação com aquilo que é a vontade e dinâmica própria dos mais jovens.”

Presidido por David Justino, vicepresid­ente do PSD, o CEN desdobra-se em 16 áreas temáticas, cada uma com um coordenado­r e um porta-voz, que falará em nome do partido. É entre os coordenado­res que se contam os seis ex-ministros – o próprio David Justino (ministro da Educação de Durão), Maria da Graça Carvalho (ministra da Ciência do mesmo executivo), Ângelo Correia (Ministro da Administra­ção Interna de Francisco Pinto Balsemão), Silva Peneda (ministro do Emprego e Segurança Social de Cavaco), Luís Filipe Pereira (que foi secretário de Estado de Cavaco e ministro de Durão Barroso) e Arlindo Cunha (ministro da Agricultur­a de Cavaco, que teve uma brevíssima passagem pelo executivo de Durão Barroso).

Entre os independen­tes (não filiados no PSD) contam-se oito nomes, entre os quais Mónica Quintela, advogada de Coimbra que nos últimos meses ganhou grande protagonis­mo mediático como advogada de defesa de Pedro Dias, condenado há pouco mais de um mês pelo homicídio de três pessoas, em Aguiar da Beira. Mónica Quintela integrou o Conselho Geral de Elina Fraga, atual vice-presidente do PSD, à data em que esta era bastonária da Ordem dos Advogados.

O Conselho Estratégic­o conta ainda com cinco nomes que pertencem à direção do partido. Já quanto à bancada parlamenta­r do partido, tem apenas três representa­ntes – José Matos Correia como coordenado­r na área da Administra­ção Interna, Ricardo Baptista Leite como porta-voz para a área da Saúde, e Cristóvão Norte como porta-voz para os Assuntos do Mar. Um número que é apontado como escasso por alguns parlamenta­res que, apesar disso, querem esperar para ver como será o funcioname­nto em concreto do Conselho Estratégic­o. Mas há quem vá apontando reparos à composição anunciada ontem. “É muito velha guarda”, comentou um deputado. Programa eleitoral sem prazos Aplicando o princípio da descentral­ização ao CEN, Rio avançou que duas das “pastas” – Reforma do Estado e Justiça – ficarão sediadas em Coimbra, duas no Porto (Infraestru­turas e Solidaried­ade), uma em Viseu (Agricultur­a) e outra em Aveiro (Ambiente). No caso das Finanças Públicas, o coordenado­r (Álvaro Almeida, que encabeçou a lista do PSD às últimas autárquica­s no Porto) estará na Invicta, enquanto o porta-voz ( Joaquim Sarmento, independen­te, docente do ISEG) estará na capital. As restantes terão sede em Lisboa.

A primeira reunião do Conselho Estratégic­o deverá realizar-se a 21 de abril, em Coimbra. Ontem, Rio não colocou um prazo naquela que será uma das principais missões do Conselho Estratégic­o – a elaboração do programa eleitoral para as eleições do próximo ano. Um calendário que, antecipa, não sofrerá alterações. “Não acredito que existam eleições antecipada­s. Se fossem, teríamos de conjugar o timing com essa antecipaçã­o”, sustentou o líder social-democrata.

O objetivo de Rui Rio é que o Conselho Estratégic­o se replique agora à escala local, com cada distrital do partido (ou várias agregadas)a definir equipas para cada área. Mas admite que o tempo é pouco até às eleições, antecipand­o umêxitode“45%,50%,60%”donovo órgão.

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Rui Rio garante que a equipa de 32 pessoas que anunciou ontem traz “renovação” ao PSD, na medida em que alia experiênci­a e juventude

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