Roubos de eletricidade custam 70 milhões à EDP
Operador da rede de distribuição de energia elétrica identificou 56 mil potenciais fraudes em 2017. Multas ascendem a quase 4000 euros para particulares e 45 mil para empresas
O número de fraudes e furtos de eletricidade à rede está a aumentar, tendo custado, só no ano passado, 70 milhões de euros à EDP Distribuição. E nem a modernização da rede elétrica parece travar estes crimes. Com os novos contadores digitais (“inteligentes”), a viciação e a manipulação dos contadores e das instalações elétricas dos consumidores “têm vindo a adquirir formas cada vez mais sofisticadas e de difícil deteção”, confirmou ao DN/ /Dinheiro Vivo fonte da operadora da rede de energia elétrica.
A empresa do grupo EDP detetou 56 mil casos de possíveis fraudes em 2017, dos quais resultou o levantamento de 13 mil autos – cerca de três vezes mais face aos 4636 autos do ano anterior. Um ano antes, o relatório e contas da empresa dava conta de 55 mil casos de fraude (mais 48% relativa- mente ao ano anterior), o equivalente a “perdas de mais de 130 GWh”. Em 2012, eram reportados apenas 14 mil casos, aumentando para 20 mil em 2013 e 40 mil em 2014. Ou seja, 3% da eletricidade a circular em Portugal era desviada ilegalmente por consumidores domésticos e empresas. Já nessa altura, a EDP Distribuição dava conta de prejuízos anuais de 50 milhões de euros, ficando o Estado também a perder, por conta dos impostos não pagos.
Ligações abusivas, viciação dos contadores ou manipulação da potência contratada são identificadas como as técnicas mais usadas pelos consumidores para furtar eletricidade.
A operadora de rede de distribuição de energia elétrica confirma que “nos últimos anos se verificou um aumento” do número de casos de consumo de energia de forma ilícita, mas garante que está a desacelerar. “Essas situações têm sido identificadas tanto pelas equipas no terreno como pela implementação de medidas e ações que potenciam a deteção das fraudes”, refere fonte oficial da EDP Distribuição. “Reforçámos as equipas no terreno e também os mecanismos de controlo de casos suspeitos de fraude com recurso a ferramentas analíticas. A modernização tecnológica e a digitalização da rede elétrica têm permitido atuar de forma mais célere e eficaz.”
Em 2016, a EDP Distribuição criou o Departamento de Garantia de Receita e Antifraude na Direção de Gestão de Energia, o que contribuiu para uma mudança de paradigma, com as ações de inspeção no terreno para verificar instalações com suspeitas de irregularidades a serem despoletadas com base em “métodos analíticos, em detrimento dos anteriores métodos indiciários”. Com isto, diz a EDP Distribuição, manteve-se a tendência de descida das perdas globais para a empresa, “fixandose no valor total de 9,5%”.
Com 47 pontos de controlo implementados na rede, em 2016 foram feitas 30 163 inspeções de instalações, em que foram levantados 4636 casos de fraude, correspondentes a uma valorização total de 4,8 milhões de euros, refere o Relatório e Contas da EDP Distribuição. As multas para os infratores podem chegar a um máximo de 3740 euros para pessoas singulares e 44 890 euros para empresas.