Diário de Notícias

O Man Booker irá para um estreante ou um repetente?

A shortlist do galardão que distingue uma obra traduzida para inglês já foi divulgada. Kang e Krasznahor­kai estão na corrida dos seis

- MARIANA PEREIRA

O vencedor do Man Booker Internatio­nal Prize pode bem vir a ser um repetente, se a decisão recair sobre a sul-coreana Han Kang, que venceu o prémio em 2016 com The Vegetarian (A Vegetarian­a em português, publicado pela Dom Quixote) e agora está na corrida com The White Book, sobre a morte de uma irmã mais velha, antes de a escritora nascer, ou o húngaro László Krasznahor­kai, que o venceu no antigo formato. Nessa altura o prémio contemplav­a toda a obra de um escritor, e não um título apenas. O húngaro, conhecido pelas obras que o seu amigo e cineasta Béla Tarr adaptou ao cinema, como Satantango ou Kárhozat, concorre agora com The World Goes On, um conjunto de contos.

Estes são dois dos seis finalistas ao galardão que distingue uma obra traduzida para a língua inglesa e publicada no Reino Unido, e que não deve ser confundido com o Man Booker Prize, que distingue uma obra escrita em inglês.

A shortlist ontem divulgada conta ainda com a escritora e realizador­a francesa Virginie Despentes, por Vernon Subutex 1, e com o espanhol Antonio Muñoz Molina, com Like a Fading Shadow, centrado no homem que matou Martin Luther King, James Earl Ray, e nos dez dias que este passou em Lisboa. O iraquiano Ahmed Saadawi com Frankenste­in in Baghdad, livro que, dois séculos depois da obra de Mary Shelley, leva Frankenste­in para um Iraque pós-invasão americana, completa a lista, a par da polaca Olga Tokarczuk com Flights, o seu primeiro livro traduzido para inglês.

O vencedor será conhecido a 22 de maio, numa cerimónia em Londres. O prémio de 50 mil libras (cerca de 57 600 euros) será dividido entre o autor da obra e o seu tradutor para a língua inglesa. Neste ano, no total, a competição contou com traduções de dez idiomas. Seis dessas chegaram à final: quatro línguas europeias – francês, húngaro, polaco e espanhol – além da coreana e do árabe.

Segundo a presidente do júri, a unidade entre estes finalistas reside na “diversidad­e”. “Há livros com uma narrativa muito forte, livros com uma atmosfera lírica como primeiro plano, e livros com uma verdadeira densidade de preocupaçã­o metafísica. Estes seis eram definitiva­mente os melhores, em termos da energia da narrativa e a sua elação formal”, afirmou Lisa Appignanes­i citada pelo jornal britânico The Guardian.

A presidente do júri disse ainda que houve debate interno em relação à inclusão, ou não, de dois autores que já foram galardoado­s com o prémio. Contudo, perceberam que tinham de “considerar os romances e encontrar a melhor ficção”. E, acrescenta Appignanes­i: “O White Book é tão diferente de The Vegetarian que podíamos estar a falar de um escritor diferente.”

Fora desta lista, e parte da então longlist formada por 13 obras, estão o francês Laurent Binet, com The 7th Function of Language, o espanhol Javier Cercas, com Frank Wynne, The Impostor, ou o austríaco Christoph Ransmayr, com The Flying Mountain.

O Man Booker Prize Internatio­nal 2017 foi atribuído a David Grossman por A Horse Walks Into a Bar, traduzido por Jessica Cohen (Um Cavalo Entra num Bar, em português, publicado pela Dom Quixote). Para que se tenha uma ideia do efeito que este prémio pode ter, o livro do escritor israelita vendeu 53 vezes mais do que o seu anterior, Falling Out of Time.

O Man Booker Internatio­nal Prize foi criado em 2005. Na literatura lusófona, Mia Couto ficou entre os finalistas do Man Booker Prize Internatio­nal em 2015, quando o galardão ainda funcionava no modelo antigo, em que premiava toda a obra. No ano seguinte, era José Eduardo Agualusa que surgia na shortlist com Teoria Geral do Esquecimen­to (A General Theory of Oblivion, na tradução inglesa).

 ??  ?? Han Kang durante a Feira do Livro do Porto, em setembro de 2017
Han Kang durante a Feira do Livro do Porto, em setembro de 2017

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Portugal