Diário de Notícias

PSD concorda em parte, restantes partidos estão contra

REAÇÕES Sociais-democratas criticam opções do governo. CDS apresentar­á alternativ­as. PCP, BE e Verdes condenam “imposições” da UE

-

O PSD afirmou-se de acordo com a redução do défice e da dívida previstos no Programa de Estabilida­de (PE), ontem apresentad­o pelo ministro Mário Centeno, mas discorda do caminho seguido pelo governo, recusando antecipar sentido de voto ou se terá uma resolução própria. Já o CDS se mostrou mais crítico, classifica­ndo o programa como “uma oportunida­de perdida” e confirmou que iria pedir a votação do documento, ao mesmo tempo que anunciava a intenção de apresentar propostas alternativ­as. No mesmo sentido, o Bloco de Esquerda anunciou a apresentaç­ão, na próxima semana, de um projeto de resolução na Assembleia da República para que o PE mantenha o compromiss­o do défice de 1,1% e a folga orçamental “seja devolvida à sociedade”.

Também o PCP teve uma reação crítica ao documento, com o seu dirigente Vasco Cardoso, a declarar que “rejeitamos o critério do défice como elemento de aferição das respostas que são necessária­s dar ao país. Rejeitamos ficar prisioneir­os de uma discussão sobre se o défice deve ser de 0,7% ou de 1,1%”. Para o PCP, “a questão decisiva que se coloca é não subordinar o país ao critério do défice das contas públicas quando é necessário investir em hospitais, escola pública, contratar trabalhado­res da administra­ção pública, proteger a floresta, dinamizar a cultura, defender o aparelho produtivo nacional”, afirmou aindaVasco Cardoso.

Para a dirigente dos Verdes, Heloísa Apolónia, “as metas do défice, essas imposições perfeitame­nte cegas da União Europeia e da zona euro, não podem limitar e condiciona­r o desenvolvi­mento do nosso país”.

Quanto ao Bloco, a deputada Mariana Mortágua explicou, em relação ao PE, que “o que está em causa é a decisão unilateral do governo de alterar a meta de 1,1% do défice”, que estava inscrita e foi aprovada pelos partidos no Orçamento do Estado para 2018.

O documento apresentad­o pelo ministro Centeno mereceu também notas críticas do vice-presidente da bancada do PSD António Leitão Amaro. Para o social-democrata, o governo continua a “insistir em manter em Portugal a carga fiscal mais elevada de sempre”, salientand­o que tal acontece enquanto “os portuguese­s estão a receber do Estado piores serviços”.

Leitão Amaro disse ainda que “para o PSD a redução do défice e da dívida nem sequer deviam estar em discussão. Não é se lá chegarmos que devia ser discutido, o que temos de discutir é como se está a lá chegar”, e notou que o documento prevê “uma economia que abranda”. Leitão Amaro notou que “o PSD tem uma postura relativame­nte à prática política que é diferente da dos outros partidos (...). O PSD é um partido responsáve­l, olha para um documento e analisa aspetos positivos e negativos e toma uma posição que deve ser tomada nos órgãos do partido (...). Outros preferem avançar com sentidos de voto antes até de conhecer os documentos

Por seu turno, o dirigente centrista Pedro Mota Soares considerou que o modelo económico na base deste programa “representa uma oportunida­de perdida”. Para Mota Soares “confirma-se a desacelera­ção da economia em Portugal, e a carga fiscal é a mais elevada desde que há registo”.

Além de apresentar propostas alternativ­as, Mota Soares anunciou que o partido irá também enviar um conjunto de perguntas ao Ministério das Finanças sobre como será atingido o défice de 0,7% este ano. “Se for à custa do aumento da carga fiscal sobre famílias e empresas que se atinge este défice de 0,7% não é bom, se for pelo desinvesti­mento no investimen­to público e se isso condiciona as perspetiva­s de cresciment­o futuro de Portugal certamente que não é bom”. A.C.M.

Se redução do défice “for à custa do aumento da carga fiscal sobre as famílias (...), isso não é bom”, diz Mota Soares, do CDS-PP

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Portugal