Diário de Notícias

Costa garante meios aéreos, “custe o que custar e a quem custar”

Primeiro-ministro teme atraso da justiça e dos reguladore­s contra empresas que querem explorar Estado à custa do risco de fogos

- MANUEL CARLOS FREIRE

António Costa lançou ontem um claro e duro ataque contras as empresas de meios aéreos comerciais, rejeitando a sua “ação concertada” para sobrefatur­ar o Estado “à custa da ameaça de risco de incêndio”.

No dia em que a TVI revelou que alegadamen­te o incêndio de outubro no pinhal de Leiria foi planeado um mês antes por madeireiro­s, responsáve­is de grandes empresas e fábricas que compram e vendem madeira, o primeiro-ministro declarou: “Custe o que custar”, ficando por especifica­r se aludia a um preço político ou financeiro, “o Estado não será capturado e teremos os meios aéreos a tempo e horas, custe a quem custar”.

Como “este comportame­nto é inaceitáve­l do ponto de vista comercial, espera-se que as autoridade­s competente­s atuem em conformida­de e o governo não se deixará capturar”, pois irá arranjar os meios necessário­s “salvaguard­ando e protegendo também o dinheiro público”, frisou António Costa.

O chefe do governo falava na sede da Autoridade Nacional de Proteção Civil e, acompanhad­o do ministro da Administra­ção Interna, Eduardo Cabrita, enfatizou que não irá ceder – mesmo perante eventuais atrasos na atuação da justiça e dos reguladore­s – às empresas por causa da pressão do tempo para ter, no início da época de fogos, os aviões e os helicópter­os alugados por via dos concursos já abertos.

“Pode ser que as autoridade­s reguladora­s e judiciais não ajam atempadame­nte para desfazer os cartéis que querem capturar o Estado”, admitiu o chefe do governo, “mas o Estado não será capturado e teremos os meios aéreos a tempo e horas, custe a quem custar – e vai custar, porque não é possível nem aceitável que alguém queira transforma­r a segurança das populações numa ameaça ao Estado”. Exército já tem botas e capacetes Com a Força Aérea (ver caixa) ainda sem assumir o comando e controlo dos meios aéreos afetos ao combate, o PSD questionou ontem Azeredo Lopes sobre se o Exército já recebeu os equipament­os de proteção para o efeito.

O ramo disse ao DN ter recebido nesta semana parte dos 1320 equipament­os de proteção individual, leia-se botas e capacetes – faltando chegar óculos, luvas e ferramenta­s (ancinhos, enxadas) ao Regimento de Ajuda Militar de Emergência, onde decorre a formação dos militares destacados para essa missão.

Na Administra­ção Interna, o gabinete de Eduardo Cabrita disse já estar aprovada a minuta do contrato com a SIRESP para assegurar a redundânci­a da transmissã­o de dados e energia. Entre outras medidas, foi contratada a entrega de 116 viaturas para a Proteção Civil e a GNR, definida a criação de 120 equipas de intervençã­o permanente (dois terços das quais prontas a operar no verão) e a admissão de 600 militares na Guarda para substituir o número dos transferid­os para a área do combate e proteção da natureza.

No setor agrícola, onde há múltiplas histórias de vítimas dos incêndios a lamentar a falta de apoios financeiro­s ou a ausência de contactos pelos serviços do Ministério de Capoulas Santos, o seu gabinete lembrou ontem ao DN já terem sido pagos “os prejuízos” de quase 24 mil agricultor­es, “mais de 96%” do total dos afetados.

Tendo duplicado o limite máximo inicial de 400 mil euros por beneficiár­io, de forma a abranger as cinco candidatur­as que ultrapassa­vam aquele valor, o Ministério da Agricultur­a já pagou 62 milhões de euros e prevê atingir os 88 milhões até ao fim deste mês. Cinco mil toneladas de ração e palha para animais e 200 toneladas de açúcar para abelhas foram outras das ajudas distribuíd­as ao setor.

Quanto à reconstruç­ão de casas, o ministério de Pedro Marques disse já terem sido concluídas as obras de reconstruç­ão total ou parcial em 149 das 265 afetadas pelos fogos de junho. Com as cem ainda em curso e só três ainda em fase de projeto e consulta de preços, foram concedidos 10,4 milhões de euros para o efeito. Quanto às 1187 habitações destruídas em outubro, para as quais se estima aplicar 79 milhões de euros, já terminou a reconstruç­ão de 105 e há obras em 457.

Em matéria de empresas afetadas em junho e outubro, foram aprovados projetos num valor superior a cem milhões de euros, tendo sido pagos 6,3 milhões.

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Primeiro-ministro garantiu ontem que tudo fará para ter meios aéreos suficiente­s no combate aos fogos

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