British Medical Journal publicou um paper em que se cita o caso de uma paciente espanhola com esquizofrenia paranoide que foi considerada possessa e submetida a “múltiplos exorcismos” por padres da arquidiocese de Madrid
que não o próprio paciente. É proibido emitir qualquer parecer sobre alguém que não seja a pedido do próprio ou de quem o representa legalmente no caso de estar inabilitado. Um simples estudante de Direito sabe que isso é ilegal. Vamos imaginar que têm uma pool de três ou quatro ou cinco psiquiatras a quem recorrem. Isso é grave. O código deontológico dos médicos não permite fazer isso. É a negação total da deontologia. É um disparate, porque é proibido legalmente e sobretudo eticamente.”
Em 2011, o British Medical Journal publicou um paper em que se cita o caso de uma paciente espanhola com esquizofrenia paranoide que foi considerada possessa e submetida a “múltiplos exorcismos” por padres da arquidiocese de Madrid, embora estivesse em tratamento psiquiátrico. Três anos depois, foi notícia, também em Espanha, o caso de uma menor sujeita, por iniciativa dos pais, a vários exorcismos, entre abril e junho de 2012, em Valladolid. A jovem sofreria de anorexia, automutilar-se-ia e teria mesmo tentado suicidar-se e os exorcismos foram reconhecidos pelo bispo da área, que assegurou não ter dado autorização para os mesmos. A situação foi denunciada por familiares e deu origem a uma investigação judicial, que acabou por ser arquivada.
Em 2015, no Reino Unido, um médico, membro da Igreja Pentecostal, foi impedido de continuar a praticar medicina por ser acusado de, em 2013, operar pelo menos um exorcismo numa paciente diagnosticada com depressão, tendo-lhe alegadamente dito para não tomar mais medicamentos nem contar ao psiquiatra que a seguia porque “os psiquiatras fazem o trabalho do diabo”.