Burla com carros comprados na internet dá prisão para oito pessoas
Rede comprou 70 carros com cheques inválidos, gerando prejuízo de dois milhões
Viam os anúncios de automóveis nos sites OLX, Stand Virtual e Custo Justo, escolhiam os carros e depois o “pagamento” era realizado ou através do depósito de cheques inválidos, de terceiros, que nunca obtinham cobrança, ou através de transferência bancária. A rede, composta por 43 arguidos, ouviu ontem a leitura das sentenças no tribunal de Braga. Em causa estão cerca de 70 automóveis, ascendendo o valor das burlas a dois milhões de euros.
Oito arguidos foram condenados a pena de prisão efetiva, a mais elevada das quais de 12 anos, as outras variam entre os oito anos e dez meses e os cinco anos e três meses.
Vinte e oito arguidos foram punidos com prisão entre um e cinco anos, mas com execução suspensas. Um arguido viu a pena de um ano e seis meses de prisão substituída por 400 horas de trabalho a favor da comunidade. Os restantes foram absolvidos.
No total, responderam por 124 crimes, entre burla qualificada, falsificação de documentos, extorsão, condução sem habitação legal, detenção de arma proibida e recetação e associação criminosa. O tribunal deixou cair a acusação de associação criminosa e, num acórdão com 1179 páginas, deu como provada a “grande maioria” dos factos que constavam na acusação.
Segundo a acusação, os arguidos organizaram-se em grupo. Sete deles integravam um núcleo “preponderante, decisor e líder”. “Assim organizados, de meados de 2013 a outubro de 2015, repartindo tarefas entre si, selecionaram anúncios de venda colocados em plataformas digitais da internet, contactaram os vendedores manifestando o seu interesse na compra e encontraram-se pessoalmente com eles, convencendo-os a consumar o negócio”, refere a acusação. Nesta fase, os “compradores” anunciavam que iam dar ordem de depósito bancário do preço da compra na conta do vendedor, mas faziam-no depositando cheques inválidos, de terceiros, que nunca obtinham cobrança.
Mas o depósito do cheque servia para que figurasse no extrato bancário do vendedor o respetivo montante como saldo contabilístico. As burlas eram consumadas sobretudo às sextas-feiras, aproveitando o facto de os bancos estarem fechados aos fins de semana. Na posse dos carros, vendiam-nos ou encaminhavam-nos para serem desmontados e vendidos às peças. Terão ganho de cada vez valores entre os 11 mil e os 208 mil euros.