Diário de Notícias

Gerson Emiliano diz que a sua nomeação para o Mundial é também um reconhecim­ento da arbitragem angolana por parte da FIFA

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“Sempre acreditei no trabalho que fui realizando ao longo do tempo, mas nunca contei que fosse tão cedo a um Campeonato do Mundo, porque aos 34 anos ainda sou um jovem na arbitragem. Com esta idade ainda tenho a oportunida­de de estar em três Mundiais.” Palavras de Gerson Emiliano dos Santos, árbitro assistente angolano indicado pelo Comité da FIFA para estar presente no Mundial de 2018, que se realiza na Rússia entre 14 de junho a 15 de julho. Com esta indicação, o juiz de 34 anos torna-se o segundo árbitro assistente angolano a participar num Campeonato do Mundo, depois de Inácio Manuel Cândido, em 2010, na África do Sul.

Nascido na cidade do Lubango, capital da província da Huíla, Gerson começou a carreira como árbitro auxiliar nas competiçõe­s locais, em 2004. Para melhorar a sua performanc­e decidiu frequentar um curso de árbitros promovido pela Direção Provincial da Juventude e pela Associação Provincial de Futebol, nesse mesmo ano.

Foi promovido a assistente nacional em 2006, e logo no ano seguinte teve a oportunida­de de integrar o trio de arbitragem do clássico entre o Petro de Luanda e 1.º de Agosto, na capital Luanda, jogo de capital importânci­a para os tricolores naquela temporada.

Três anos mais tarde, em 2009, foi promovido a assistente internacio­nal, tendo nesse mesmo ano participad­o no Torneio da Taça COSAFA, no Botswana, em que garantiu presença na final.

Olhando para a sua carreira, Gerson dos Santos considera que a nomeação para o Mundial reflete o respeito da mais alta entidade da arbitragem do futebol internacio­nal no bom trabalho dos juízes angolanos. “É um reconhecim­ento da qualidade da nossa arbitragem pela mais alta instituiçã­o que superinten­de a arbitragem mundial, que é o Comité de Árbitros da FIFA. É um orgulho, não só para mim como também para todos os angolanos”, indicou.

O árbitro assistente acredita que o seu desempenho nas competiçõe­s africanas foi decisivo para que o seu nome fosse conhecido na arena

Gerson Emiliano (o primeiro a contar da direita) num jogo entre o Petro de Luanda e o 1.º de Agosto internacio­nal. A este nível, Gerson Emiliano dos Santos fez a sua estreia nos Jogos Africanos de Moçambique, em 2012, onde garante ter tido um grande desempenho, tendo começado aí a inscrição do seu nome na história do futebol.

“Acho que a sorte já estava do meu lado, se calhar a história estava a escrever-se, mas tive um bom desempenho. Em 2012 fui chamado a participar nos Jogos Africanos de Moçambique, onde fiz uma boa atuação”, sublinhou. Gerson não esconde que chegar aos grandes palcos do futebol internacio­nal foi sempre uma ambição, sustentada pela formação contínua.

Voltando a 2012, em dezembro foi convidado para participar no curso de elite da Confederaç­ão Africana de Futebol (CAF), ainda muito jovem, o que lhe valeu ser alvo de algumas brincadeir­as. “Fiz a formação e na altura em que cheguei à sede da CAF, em jeito de brincadeir­a, chegaram a perguntar-me coisas do estilo ‘como é que o presidente convidou esta criança’. No ano seguinte participei no Campeonato Africano das Nações (CAN), em 2013, e voltei a ter um bom desempenho. Apitei três jogos que me ajudaram bastante e a partir daí comecei a ser conhecido na arbitragem africana”, revelou. Em 2014 esteve presente no CHAN, o Campeonato Africano das Nações, que se realizou na África do Sul, uma prova unicamente reservada a jogadores que atuam em África. E no CAN de 2015 foi árbitro de reserva. “Nesta competição estive presente na final, não como árbitro principal nem assistente, mas como reserva. Mas foi um orgulho para mim, porque estive em sete jo- gos num torneio em que, normalment­e, só são apitados quatro a cinco jogos por cada árbitro.”

As luzes do Mundial da Rússia começaram a ganhar forma em 2015, altura em que foi convidado a participar no Campeonato do Mundo de sub-17. E em 2016 teve mais um sinal – integrou a equipa de arbitragem que apitou a final do Mundial de clubes entre o Real Madrid e os japoneses do Kashima Antlers, que os espanhóis venceram por 4-2 no prolongame­nto.

“Na minha terceira presença no CAN tive a sorte de ser um dos assistente­s da final disputada entre o Egito e os Camarões, tendo a seleção camaronesa se sagrado campeã”, recordou.

Recentemen­te, beneficiou de uma ação formativa no Dubai, que serviu para limar algumas arestas. Para Gerson, este curso foi crucial para fazer parte da lista dos 63 árbitro assistente­s designados para o Mundial da Rússia (a que se juntam 36 árbitros principais), na qual, curiosamen­te, não consta o nome de nenhum juiz português. Parceria DN/O País - Angola

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