Nepaleses festejam entrada em 2075 no Martim Moniz
Foi o primeiro festival daquela que é a terceira comunidade a viver na cidade de Lisboa
Manswi Kharal dançou perante dirigentes nepaleses e portugueses
CÉU NEVES “Um país, muitas histórias.” Assim se apresentou o Nepal, ontem, no Martim Moniz, no 1.º Festival Nepalês em Portugal. Assinalou a entrada em 2075, o novo ano para quem se rege pelo calendário hinduVikram Samvat. Festejaram em Lisboa, onde são a terceira comunidade de imigrantes e aquela que mais cresceu nos últimos dez anos.
“É a primeira vez que festejamos o Ano Novo em Portugal, que já é celebrado na Europa, nomeadamente na Bélgica e na Alemanha. Vivem aqui 20 mil nepaleses e é altura de mostrar o nosso país e cultura. Tem diferentes paisagens, etnias, gastronomia, etc.”, explica Kuber Karki, presidente da Associação dos Nepaleses Residentes em Portugal , promotora do festival.
Com 30,5 milhões de habitantes, para uma área de 147 000 km2, o Nepal tem como ponto mais alto o monte Evereste, com 8468 metros de altitude, e o mais baixo a planície que o separa da Índia. Esta diversidade geográfica nota-se na fisionomia e nas mais de cem línguas, entre as 12 etnias.
Apresentaram-se no Martim Moniz canções, danças e trajes representativos de sete etnias (magar, tamanga, gurung, sherpa, newar, kirat e limbu). Referências que os turistas e os portugueses não perceberam, já que só algumas vezes as apresentações não eram traduzidas.
A vice-presidente da associação, Bishmu Luitl, reconhece que há muito a fazer: “Esta celebração do Ano Novo é para promover o turismo e a nossa cultura, para darmo-nos a conhecer aos portugueses e aos turistas, também para as crianças nepaleses conviverem com a cultura dos pais. Este ano não conseguimos trazer a nossa gastronomia, mas esperamos melhorar nos próximos anos.”
O festival começou com o acender de uma luz ao Novo Ano, com dirigentes das instituições representativas da comunidade e nacionais. Um coro juvenil cantou os hinos do Nepal e de Portugal. A dança de Manswi Kharal iniciou o programa artístico. Tem 12 anos e está há três em Portugal.
Ricardo Robles, vereador da Câmara Municipal de Lisboa com os pelouros da educação, saúde, direitos sociais e cidadania, saudou e desejou um bom ano em nepalês, palavras aprendidas na hora. “É a comunidade que mais cresceu nos últimos dez anos. Lisboa tem esta característica de ser uma cidade multidisciplinar e queremos aproveitar essa riqueza”, assim explicou a sua presença no evento. O mesmo contributo foi salientado por Miguel Coelho, presidente da Junta de Freguesia de Santa Maria Maior, onde vivem muitos imigrantes.
Cidadãos que Timóteo Macedo, presidente da Associação Solidariedade Imigrante, sublinhou não terem todos os direitos. “Lisboa não pode ser inclusiva com imigrantes indocumentados.” Direitos iguais e documentos para todos é a luta das duas associações.