Maré amarela em Barcelona seis meses após prisão dos Jordis
Entre 300 mil (diz a polícia) e 750 mil pessoas (segundo a organização) manifestaram-se para exigir a libertação dos independentistas, o regresso dos exilados e diálogo político
O amarelo saltou dos laços e pintou ontem a Avenida del Parallel, em Barcelona, onde milhares de pessoas exigiram a libertação dos independentistas catalães. A manifestação assinalou os seis meses da detenção de Jordi Sànchez e Jordi Cuixart, antigos líderes das associações Assembleia Nacional Catalã (ANC) e Òmnium Cultural, presos a 16 de outubro e acusados de sedição nos protestos prévios ao referendo de 1 de outubro. Mas os outros sete independentistas detidos não foram esquecidos, assim como os sete que estão exilados a aguardar as decisões sobre a extradição.
“Desde a prisão peço-vos que não se deixem aterrorizar. Não cedam nunca à chantagem do medo nem à tentação da violência. Não temos medo, temos direito a ser livres”, dizia a mensagem de Jordi Sànchez, lida pelo seu filho Oriol. Mesmo estando na prisão de Soto del Real, o ex-líder da ANC foi eleito deputado a 21 de dezembro e por duas vezes proposto para presidente da Generalitat. Contudo, o juiz do Supremo Tribunal, Pablo Llarena, não autorizou a sua libertação para assistir ao debate de investidura.
“Hoje voltamos a demonstrar, uma vez mais, a capacidade do povo catalão de se unir nos momentos difíceis, nos momentos de injustiça, mas também de esperança”, indicou, por seu lado, Jordi Cuixart na mensagem lida pela sua mulher, Txell Bonet. “Vocês são o motor da luta pela democracia e pela liberdade por um futuro sem renúncias para ninguém”, acrescentou.
O ex-presidente da Generalitat Carles Puigdemont, que aguarda em liberdade a decisão da Alemanha sobre a sua extradição, reagiu no Twitter. “Outra vez, uma grande manifestação cívica e democrática. A Catalunha pede liberdade. Somos cidadãos europeus que só querem viver em paz, livres e sem medo”, escreveu numa mensagem em inglês, com a hashtag #UsVolemACasa – queremo-los em casa.
A polícia calculou em 315 mil o número de manifestantes, mas os organizadores falam em 750 mil. O protesto foi convocado pelo Es- paço Democracia e Convivência, plataforma criada em março para defender as instituições catalãs e que inclui diversas entidades, sindicatos e organizações da sociedade civil. “Os problemas políticos devem solucionar-se na esfera política e pela via do diálogo e da negociação”, defenderam ontem no manifesto lido durante a manifestação. “Exigimos a liberdade de todos os políticos e líderes detidos, assim como o regresso dos exilados”, acrescentaram.
Nas ruas, a “defesa unitária das instituições catalãs e o direito dos catalães para decidir o seu futuro” juntou as habituais ANC e Òmnium aos sindicatos UGT – “a maioria da sociedade catalã acredita que a prisão preventiva não é justificada”, disse o secretário-geral Camil Ros – e Comissões Operárias. Presentes estiveram várias formações políticas, nem todas independentistas, como a Catalunya en Comú Podem. Por isso, de acordo com o La Vanguardia, comparando com outras manifestações, viram-se menos bandeiras independentistas e mais cartazes com mensagens.