O Ocidente face à Síria
No intuito político, militar e estratégico de parar com a escalada de bombardeamentos diários das forças russas e sírias contra as populações indefesas dos bairros orientais da sua própria capital Damasco empregando de forma massiva bombas químicas e bacteriológicos, foi decidido pelas principais potência ocidentais intervir, a fim de obrigar Moscovo e o regime do ditador sírio que apoia a pararem com o massacre.
Com aconteceu com eventos decisivos já anteriormente ocorridos, a intervenção da coligação teve como protagonistas três grupos de forças aéreas e navais que se deslocaram para o Mediterrâneo Oriental para daí, juntamente com os aviões britânicos da sua base de Chipre, lançarem as suas aeronaves e vários tipos de mísseis ditos inteligentes que complementaram a destruição de fábricas e depósitos de armas químicas, cuja produção permitiu ao regime sírio e às forças aeronavais russas ali estacionadas executar bombardeamentos massivos criminosos de áreas densamente povoadas!
Ao contrário do que a propaganda e a desinformação intensiva propalada pelos russos e partidos marxistas europeus anunciaram, todas as aeronaves regressaram às bases e nenhum míssil foi abatido, tendo todos atingido os respetivos alvos mercê da sua superior tecnologia face à densidade dos meios antiaéreos de todos os tipos que os tentaram abater.
Mas este ataque aéreo ocidental coligado, algo anunciado e dirigido apenas contra alvos de produção de armas químicas, afigurou-se demasiado restrito quanto à especificação dos alvos a eliminar e à restrição da amplitude do ataque. Numa operação aérea desta magnitude e ao visar em definitivo parar a escalada e o seu apoio a Assad, esta operação coligada deveria ter incluído o ataque às bases aéreas sírias, de onde desde há meses têm partido os aviões e helicópteros da Força Aérea síria munidos de armas proibidas que têm provocado nos últimos dois meses mais de dois milhares de mortos sírios, não contando com os feridos e estropiados.
A confirmar esta opinião, a administração norte-americana veio agora anunciar que outros ataques mais poderosos poderão ocorrer contra bases sírias se continuar a verificar-se por parte do regime bombardeamentos massivos e indiscriminados com armas proibidas contra a sua própria população, declaradas pela Carta da ONU como crimes contra a humanidade.
Os russos só reconhecem tomadas de posição de força conforme o ensina o historial de grande violência do seu império.
A Europa tem de estar coesa e forte face a esta ameaça que continua a agigantar-se contra si no seu designado “ventre mole”: o Médio Oriente, centrado no Líbano, na Síria e em Israel, um perigo que engloba ainda os movimentos terroristas do Hezbollah e do Hamas em estreito conluio com o Irão radical e o seu protetor russo. Acresce a posição algo perigosa da Turquia e a sua paradoxal posição face aos Estados Unidos, como membro da NATO mas a oscilar perigosamente para o lado do Estado russo, afinal o seu tradicional inimigo geopolítico e geoestratégico de séculos, apenas pelo capricho do seu atual líder!
Até ao momento, e se não houver uma posição forte, firme e coesa do Ocidente e seus aliados, o senhor do Kremlin continuará a explorar os espaços vazios que a inexperiência ou inépcia do líder americano e a tibieza de alguns países europeus vão deixando em aberto, como a da Alemanha nesta sua posição contra a Síria.
Estes bombardeamentos com armas químicas executados pelo ditador sírio contra o seu próprio povo já vêm de longe, seguindo o mau exemplo do praticado por Saddam Hussein do Iraque contra o Irão na guerra de 1981 e depois no seu próprio país contra os curdos em 2002; armas que foram então fornecidas por Moscovo, na altura seu protetor!