Nazaré. A surfar a onda verde do concelho
A Nazaré é procurada sobretudo pela praia e, mais recentemente, pelas ondas gigantes. Mas é difícil imaginar a vila sem a envolvente verde da Mata do Valado, que é zona protegida sob a alçada do Instituto Nacional de Conservação da Natureza e Florestas. N
A Nazaré é, atualmente, mais conhecida pelas suas ondas gigantes. Mas o que seria a Nazaré sem a mancha verde que a envolve e que preenche o concelho? Apesar de os trágicos incêndios de 15 de outubro do ano passado terem andado por perto, não ardeu qualquer hectare neste município. A Mata Nacional doValado escapou, por isso é preciso adotar medidas de prevenção e educar para manter esta floresta verde, tal como está.
Só no ano passado, a Câmara Municipal da Nazaré limpou mais de 20 quilómetros de caminhos florestais. Neste ano, a atenção está voltada para a serra da Pescaria, “que não foi assolada pelos incêndios mas onde a qualquer momento pode haver um foco”, sublinha o vereador do Ambiente e da Proteção Civil, Orlando Rodrigues. A limpeza destes caminhos municipais rurais mantém-se “de forma a que as viaturas, em caso de incêndio, tenham acesso a esses caminhos”, assegura aquele responsável.
Esta mensagem de prevenção e educação por uma floresta verde é complementada com a necessidade de autoproteção: “É importante limpar as áreas para proteção própria dos seus bens, mas da sua própria vida.” A mensagem é transmitida pela autarquia, mas também pela ANPC – Autoridade Nacional de Proteção Civil.
Projetos como o Prevenir e Educar por Uma Floresta Verde, desenvolvido pela Tranquilidade, em parceria com o DN, o JN e a TSF, são “ouro verde” para a educação, sobretudo dos mais novos. “É importante sensibilizar os mais jovens para a necessidade de prevenir. É uma mais-valia em termos económicos para o país, mas também em termos ambientais. É uma maisvalia para todos”, diz Orlando Rodrigues.
A autarquia tem realizado algumas ações com as escolas, entre outras entidades, e contado também com a colaboração do Gabinete Técnico-Florestal, GTF. A última ação teve que ver com a limpeza dos espaços na envolvente das habitações. “Correu bem, mas as pessoas ainda têm dúvidas, nomeadamente acerca dos prazos”, lembrou o vereador.
O Prevenir e Educar por Uma Floresta Verde esteve na Escola Escola Básica e Secundária Amadeu Gaudêncio durante dois dias, a trabalhar com os alunos, através da experiência de serem repórteres da floresta por um dia à volta de temas como a prevenção de incêndios florestais, o ordenamento florestal e a limpeza das florestas.
Um projeto “interessante porque embora esta zona não tenha sido muito tocada pelos incêndios, que começaram a norte do concelho, a educação para a prevenção dos incêndios é um assunto que mexe com os alunos”, explica o diretor da escola, João Magueta. O tema já era trabalhado nas aulas de Educação Cívica, através de várias ações de sensibilização, com o apoio de entidades como os bombeiros voluntários.
João Estrelinha é o comandante dos Bombeiros Voluntários da Nazaré, que sublinha a importância de manter o pouco verde que ficou na região, depois dos incêndios de 15 de outubro. “Somos tão poucos para preservar aquilo que é bom. O município da Nazaré é pouco verde, mas felizmente ficou ileso. É lamentável o que aconteceu no ano passado para todos nós e para a natureza.”
A Mata do Valado, na Nazaré, manteve-se intacta, porque o vento soprou em direção contrária. É no cimo do monte de São Brás que a GNR tem uma das suas torres de vigia e é também aqui que, em parceria com os bombeiros, vigilantes atentos detetam possíveis focos de incêndio. “Já começámos numa zona mais problemática a fazer as limpezas necessárias e enquadradas na lei. No ano passado reforçámos a vigilância com estudantes, com uma verba da autarquia, sobretudo no mês de agosto, que é o mais problemático”, refere. Este projeto de vigilância conta com o apoio dos escuteiros do concelho.
A ação de limpeza no espaço envolvente às habitações correu bem, mas as pessoas ainda têm muitas dúvidas. A Mata do Valado manteve-se intacta porque o vento soprou em direção contrária. No monte de São Brás, a GNR tem torres de vigia