“Ausência da Champions não será trágica, mas afeta”
Só o segundo lugar poderá garantir presença na prova milionária. Gaspar Ramos, ex- diretor desportivo, diz que milhões farão falta
Uma derrota ou um empate sem golos na próxima jornada diante do Sporting, em Alvalade, colocará o Benfica no terceiro lugar, a uma jornada do final do campeonato, e sem direito à presença na Liga dos Campeões da próxima temporada. A liga milionária é sempre sinal de milhões para os clubes e no caso dos portugueses essencial para preparar uma nova época e o Benfica não foge à regra, independentemente dos resultados financeiros dos últimos anos.
Gaspar Ramos, antigo diretor do futebol do Benfica, traçou ao DN aquilo que poderá implicar uma possível ausência das águias da Liga dos Campeões e não tem dúvidas de que se isso suceder poderá afetar a preparação da nova temporada, nomeadamente no que diz respeito ao investimento.
“Ainda é cedo para falar muito sobre esse tema, sobretudo porque há o jogo contra o Sporting, há outros fatores a que não tenho acesso, mas é evidente que é sempre algo importante para os clubes portugueses, pois estamos a falar de encaixes que podem chegar aos 40 milhões de euros, com tudo somado”, começou por dizer o antigo dirigente, comentando depois as receitas financeiras que o Benfica tem alcançado nos últimos anos, seja com a presença nas competições europeias ou com a venda de jogadores.
“É evidente que isso é uma almofada financeira, pelo que a ausência da Champions não será trágica, mas afeta. Não é certo que o Benfica, ou outro clube, possa fazer vendas por números altos todos os anos e quando não se faz uma boa campanha europeia isso é ainda mais difícil. Volto a dizer: a ausência na Liga dos Campeões afeta sempre qualquer clube português”, confessou o antigo dirigente.
Gaspar Ramos fez também um pequeno balanço às finanças dos três grandes – Benfica, FC Porto e Sporting –, considerando que a ausência, e a falta dos milhões da Liga milionária, fará ainda mais falta aos dois principais rivais do emblema encarnado. “Penso que não é novidade para ninguém que neste momento o Benfica é o clube mais de-
Benfica de Rui Vitória não passou da fase de grupos nesta temporada safogado em termos financeiros. Por exemplo, tiveram de utilizar receitas antecipadas para cortar na dívida, mas os outros utilizam esse mesmo sistema para investir, ou seja, a dívida continua lá. A ausência, repito vezes sem conta, é má, mas o Benfica será o clube financeiramente mais estável neste momento em Portugal”, afirmou.
Quanto ao jogo do próximo fim de semana, que poderá ser decisivo para estas contas finais, o antigo dirigente dos encarnados continua esperançado de que as águias vão conseguir pelo menos este segundo objetivo – a qualificação para a Liga dos Campeões.
“Jogar um dérbi é sempre diferente de um jogo normal, seja em casa ou fora, para mim nunca há favoritos, às vezes a equipa que está pior até ganha. É claro que é fundamental para o Benfica e um bom resultado até pode passar por um empate, mas tem de ser com golos. Ou seja, penso que neste momento o Benfica poderá ter alguma vantagem, mas também tenho a certeza de que vão a Alvalade a pensar apenas na vitória, pelo menos para conseguirem esse segundo objetivo, que passa pela qualificação para a Liga dos Campeões”, referiu, não querendo falar sobre algumas mudanças no final da temporada, em caso de insucesso na qualificação para a Champions.
“Esse tema ainda não é para agora, não interessa estar a intranquilizar a equipa. Temos de ter confiança para o que resta da temporada, ainda faltam dois jogos e há coisas por decidir. Lá para a frente então poderemos falar sobre esse tipo de situações, que serão sempre analisadas pela estrutura do futebol em conjunto com a direção do Benfica”, concluiu Gaspar Ramos.