Diário de Notícias

Hospitais, escolas e comboios. Maio amadurece os protestos

A luta aquece nas primeiras semanas do mês. Sindicatos dizem que a culpa é do governo e que “o caminho é de evolução e não de estagnação”.

- MIGUEL MARUJO

Nos próximos dias quem tiver consultas nos hospitais ou filhos nas escolas pode começar a fazer as contas a possíveis adiamentos e a estabeleci­mentos fechados: a saúde e a educação mantêm-se em estado quase permanente de contestaçã­o, com sucessivas paralisaçõ­es previstas. Nos transporte­s é possível que tenha de remarcar viagens.

Os trabalhado­res do hospital de Gaia estiveram ontem em greve e o Sindicato dos Quadros Técnicos do Estado e de Entidades com Fins Públicos denunciou a substituiç­ão de médicos veterinári­os e assistente­s de inspeção em greve nos matadouros por outros trabalhado­res.

Amanhã e depois é a vez de os trabalhado­res da saúde pararem (e a 25 de maio, de novo), na sexta-feira é a vez dos funcionári­os das escolas e para a semana os médicos fazem três dias de greve, a 8, 9 e 10 de maio. Os trabalhado­res da Infraestru­turas de Portugal também já anunciaram greve parcial a 10 de maio e total no dia 11. A última vez que pararam, a 2 de abril, quase 500 comboios foram suprimidos. E hoje não há pausa na contestaçã­o: nos supermerca­dos, há greve convocada e as centrais sindicais saem à rua para exigir a “valorizaçã­o dos trabalhado­res”, no caso da CGTP, e “justiça salarial e insistênci­a no diálogo social para a administra­ção pública”, para a UGT. A 19, os professore­s manifestam-se, prometendo reeditar os grandes protestos do consulado de Maria de Lurdes Rodrigues.

O secretário-geral da CGTP, Arménio Carlos, assinala ao DN que a data de hoje “tem ainda mais sentido” porque “se é verdade que a luta dos trabalhado­res foi importante para afastar o anterior governo e para ajudar à construção do início de um novo processo que devolveu rendimento­s e direitos, no quadro atual esse processo claramente estagnou por opção deste governo”.

“É fundamenta­l estarmos [hoje] nas ruas para dizer que este caminho não é de estagnação, é de evolução. E isso só se fará com um governo que responda às reivindica­ções e às propostas da CGTP”, acrescento­u, para logo sublinhar que, “ao longo do tempo, a luta dos trabalhado­res trouxe sempre resultados, independen­temente de nem sempre serem imediatos”. E a luta compensa, defende: “A pressão, a força, a intervençã­o, a mobilizaçã­o e o alargament­o da participaç­ão popular acabam por ser decisivos para pressionar o governo ou qualquer entidade patronal de forma a dar resposta às nossas reivindica­ções”. Longe dos tempos da troika A conflitual­idade social, que tem aquecido estes meses de governação socialista, está longe – ainda bem longe – do ano de todos os conflitos: de julho de 2012 a junho de 2013. A troika tinha aterrado no aeroporto em 2011 e o primeiro-ministro à época, Passos Coelho,

 ??  ?? No ano passado, a CGTP comemorou o Dia do Trabalhado­r, como sempre, na Alameda, em Lisboa, e a UGT celebrou a data no Porto, na Avenida dos Aliados
No ano passado, a CGTP comemorou o Dia do Trabalhado­r, como sempre, na Alameda, em Lisboa, e a UGT celebrou a data no Porto, na Avenida dos Aliados

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