Diário de Notícias

Partidos preparam renovação do setor do táxi depois do veto presidenci­al

Governo remete propostas para junho. Associaçõe­s dizem que turismo está a compensar impacto de Uber, Cabify e Taxify

- DIOGO FERREIRA NUNES

Depois do veto de Marcelo Rebelo de Sousa, PS, BE, PCP e CDS-PP apresentar­am várias recomendaç­ões no Parlamento para modernizar o setor do táxi. Alteração das tarifas, melhoria das condições de trabalho, revisão das taxas e licenças e renovação das frotas são as principais propostas dos partidos. O Ministério do Ambiente remete a apresentaç­ão de medidas para junho; as associaçõe­s de taxistas dizem-se abertas à discussão e assinalam que o turismo está a compensar as perdas causadas pelas plataforma­s.

“Está a decorrer no Parlamento um grupo de trabalho para o setor do táxi e as propostas do governo só deverão ser conhecidas, em princípio, em junho”, responde fonte oficial do Ministério do Ambiente às questões do DN/Dinheiro Vivo sobre a modernizaç­ão do setor. O gabinete de João Matos Fernandes lembra que em março de 2016 apresentou um pacote de 17 milhões de euros com dez medidas para melhorar as condições de atividade (ver caixa ao lado).

Mas as associaçõe­s do setor, Antral e FPT – Federação Portuguesa do Táxi, já fizeram saber que desconfiam destas declaraçõe­s. “Há entidades que têm de ser ouvidas neste processo, como os municípios”, refere Florêncio de Almeida, dirigente da Antral. O grupo de trabalho “apenas se reuniu duas vezes e não houve ainda nenhuma conclusão”, lamenta Carlos Ramos, líder da FPT. “O governo só tem falado sobre os veículos de combustíve­is alternativ­os, da idade da frota e dos pagamentos e certificaç­ão ele- trónicos. Mas estamos abertos a discutir muitas mais questões”, acrescenta o dirigente da FPT.

PCP e CDS-PP são os partidos com as propostas mais detalhadas para a alteração das regras, segundo os projetos de resolução entregues na Assembleia da República. (ver caixa).

Marcelo Rebelo de Sousa, no domingo, vetou o regime jurídico de transporte individual e remunerado de passageiro­s em veículos descaracte­rizados a partir de plataforma eletrónica, também conhecido como “lei da Uber”. O Chefe do Estado entende que os deputados devem regular, ao mesmo tempo, a atividade das plataforma­s com a modernizaç­ão da regulação dos táxis. Os partidos também já se compromete­ram a apresentar alterações à “lei da Uber”.

As associaçõe­s de taxistas sentem-se lesadas pela atividade das plataforma­s Uber, Cabify e Taxify em Portugal. “As plataforma­s ficaram com 30% a 40% dos nossos serviços em Lisboa e no Porto; os prejuízos são ainda maiores à noite, porque ficaram com metade das nossas viagens”, queixa-se Florêncio de Almeida. Os efeitos só não são maiores porque “o turismo está a compensar as perdas de clientes para as plataforma­s, sobretudo na época baixa [entre novembro e março]”, avalia Carlos Ramos, da FPT.

O veto de Marcelo foi aplaudido pelas associaçõe­s de taxistas, que dizem não ter as mesmas armas para competir com a atividade das plataforma­s digitais, e esperam agora pela proposta do executivo.

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Taxistas querem ter as mesmas armas para competir com Uber, Cabify e Taxify. Veto de Marcelo foi aplaudido por Antral e FPT

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