Diário de Notícias

Comissão de inquérito avança. PS, PCP e CDS votam a favor

Partidos querem ir mais longe do que o caso de Manuel Pinho. PSD entregou pedido para ouvir o ex-ministro da Economia

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PARLAMENTO O PS e PCP são a favor, o CDS não se opõe. É o quanto basta para que a proposta do Bloco de Esquerda para a criação de uma comissão de inquérito parlamenta­r ao caso do Manuel Pinho seja aprovada.

Mas o deputado do PS Carlos Pereira recusou a ideia de que a sua bancada quer “uma comissão de inquérito ao caso Manuel Pinho”, mas antes a “um universo bastante abrangente” sobre as chamadas “rendas do setor energético” e que o partido não mete a “cabeça na areia” por estar envolvido um ministro de um governo socialista. “Esse é um tema que também deve ser avaliado e aprofundad­o, as responsabi­lidades políticas que possam existir. Nós não metemos a cabeça na areia”, afirmou.

Ontem de manhã, o líder parlamenta­r, Carlos César, defendeu que Manuel Pinho deveria ser ouvido quanto antes no Parlamento, a pedido do PSD, antes de se saber que o ex-ministro da Economia só aceitaria fazê-lo depois de ser ouvido pelo Ministério Público e que o Bloco propunha um inquérito parlamenta­r.

A comissão de inquérito tem “um universo bastante abrangente, que inclui, sobretudo, as questões relacionad­as com as responsabi­lidades políticas das chamadas rendas do setor energético, de que os CMEC [custos para a manutenção do equilíbrio contratual] são um elemento prepondera­nte”, disse o deputado socialista.

Em comunicado, o PCP afirmou ontem que, sem prejuízo da chamada do ex-ministro Manuel Pinho à Assembleia da República e da comissão de inquérito já anunciada, existe “a necessidad­e de uma avaliação mais abrangente que aborde o conjunto de ligações entre sucessivos governos e as principais empresas e grupos económicos, não apenas no setor elétrico mas também em setores como a banca, correios, telecomuni­cações ou transporte­s”. Suspeitas a esclarecer O BE vai entregar amanhã o pedido de constituiç­ão de inquérito ao caso do ministro Manuel Pinho, que é arguido num processo que envolve a EDP. “Tudo o que tem vindo a público sobre a atuação do ministro Manuel Pinho durante o seu mandato como ministro da Economia [2005-2009 no governo de José Sócrates], no que respeita à energia, é gravíssimo e leva à necessidad­e de um esclarecim­ento acerca de responsabi­lidades políticas na constituiç­ão de uma renda garantida, que veio a configurar em alguns anos cerca de um terço dos lucros da EDP”, disse à Lusa o deputado bloquista Jorge Costa.

Em comunicado, a defesa de Pinho informou que o antigo ministro socialista aceitará ir à Assembleia da República, mas só depois de ser ouvido pelo Ministério Público no âmbito do caso EDP, algo por que aguarda “há mais de dez meses”. A 19 de abril, o jornal online Observador noticiou as suspeitas de Manuel Pinho ter recebido, de uma empresa do BES, entre 2006 e 2012, cerca de um milhão de euros.

O líder do PSD, Rui Rio, foi o primeiro a defender uma audição parlamenta­r a Manuel Pinho e considerou a proposta da comissão de inquérito apenas uma forma de o BE tentar marcar terreno. A bancada parlamenta­r social-democrata formalizou ontem a entrega do requerimen­to para o que o ex-ministro da Economia seja ouvido no Parlamento. “É incompreen­sível todo o silêncio que envolve esta matéria, quando pode estar em causa um comportame­nto a todos os títulos inadmissív­el, antiético e prolongado no tempo e por parte de um governante com tantas responsabi­lidades, e sem que se ouça uma simples palavra sequer de explicação aos portuguese­s. P.S., com Lusa

milhões de euros Terá sido a quantia alegadamen­te recebida por Manuel Pinho entre 2006 e 2012 do Grupo Espírito Santo (GES), um milhão teria sido auferido quando era ministro.

offshores Segundo as notícias vindas a público, o ex-ministro de José Sócrates teria recebido o dinheiro do GES através de várias

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