François Truffaut
› Nos meses que antecederam a revolta os sinais de descontentamento social multiplicaram-se. O realizador teve um papel central na luta pela manutenção da Cinemateca francesa nas mãos do fundador, Henri Langlois. O ministro das Finanças quis pôr ordem na gestão “anárquica” da Cinemateca, passando o Estado a acionista principal. O ministro da Cultura, o escritor André Malraux, colabora na nacionalização da casa do cinema (que preservou inúmeros filmes da destruição) e no afastamento de Langlois. Dia 14 de fevereiro, umas três mil pessoas manifestam-se e são reprimidas pela polícia. No dia seguinte é criado o comité de defesa da Cinemateca, que junta os cineastas da Nouvelle Vague aos mais velhos. Jean Rouch declara: “Uma revolução cultural está em vias de começar.” Dia 18 de março, nova manifestação. Desta vez os estudantes invadem os escritórios da Cinemateca. Um mês depois, o governo recua em toda a linha. Na reabertura das salas de cinema, 2 de maio, véspera da revolta, Langlois agradece a Truffaut, “o homem que salvou a Cinemateca”. O autor de
fica na vice-presidência da casa do cinema. Juventude e do Desporto vai inaugurar a piscina do universitário, é confrontado com Dany Le Rouge. Este acusa François Missoffe de escrever “600 páginas de inépcia” no livro branco da juventude, e dá como exemplo ter ignorado a sexualidade. Uma das reivindicações dos estudantes era a criação de residências universitárias mistas. O ministro aconselha-o a dar um mergulho na piscina. No mês seguinte vai a Berlim participar num encontro internacional de estudantes a favor do Vietname. Também por causa da guerra naquele país asiático, participa na primeira ocupação, por horas, do Quartier Latin, quando regressa. No dia 22 de março nasce o movimento com o nome dessa data: 142 estudantes, liderados pelo franco-alemão, ocupam o último piso da universidade. Protestam contra a guerra e contra a prisão de um colega. O estado de revolta prossegue. Com a polícia a fechar Nanterre, Cohn-Bendit e companheiros dirigem-se para a Sorbonne, no dia 3 de maio. A universidade, ocupada por cerca de 400 estudantes, é alvo de intervenção policial. É o eclodir do Maio de 68. 1. Jean-Paul Sartre e Daniel Cohn-Bendit numa conferência de imprensa em 1974 2. Cohn-Bendit em plena agitação de massas no dia 3 de maio, em frente à Sorbonne 3. Greve geral de 13 de maio na Place de la République 4. A Marianne de 68, foto icónica tirada a Caroline de Bendern 5. Os confrontos com a polícia causaram milhares de feridos. A nível nacional contam-se sete mortos, dos quais dois polícias dos jovens trotskistas, Alain Geismar (28) chefia o sindicato de professores e Jacques Sauvageot (25) lidera a associação dos estudantes. Cohn-Bendit acaba expulso do país (embora regresse dias depois). Em junho, são proibidas 11 organizações de extrema-esquerda, de maoistas, trotskistas e demais esquerdistas expulsos do PCF. Krivine e Geismar foram presos.