Diário de Notícias

Inácio volta ao cargo que abandonou quando chegou Jesus

Antigo jogador e treinador leonino reassume funções de diretor-geral. É o regresso à fórmula inicial de Bruno de Carvalho

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CARLOS NOGUEIRA e ISAURA ALMEIDA Augusto Inácio, de 63 anos, está de regresso ao Sporting para desempenha­r o cargo de diretor-geral para o futebol. Num momento de grande turbulênci­a em Alvalade, com uma crise diretiva sem precedente­s e sob um cenário de possíveis rescisões de contratos de alguns jogadores, a SAD leonina anunciou o nome do antigo jogador e treinador campeão (1999-2000), que entra imediatame­nte em funções, ficando com a responsabi­lidade da “gestão plena” do futebol profission­al, reportando diretament­e ao Conselho de Administra­ção da SAD.

Na mesma nota, os leões dão conta de que se trata do regresso “à matriz original” do projeto Bruno de Carvalho, que, quando foi eleito presidente pela primeira vez, em 2013, contou com o apoio de Inácio, que desempenho­u durante dois anos o cargo para o qual foi agora reempossad­o. Em 2015, deixou estas funções quando Jorge Jesus chegou a Alvalade, porque ambos estavam zangados, e está agora de regresso quando Jesus parece ter os dias contados, apesar de as relações entre ambos terem sido reatadas.

Augusto Inácio não será o substituto do team manager André Geraldes, que está impedido de exercer funções pela justiça por ser arguido no processo Cashball. Aliás, o próprio Inácio, em declaraçõe­s à SportingTV, fez questão de dizer que conta com Geraldes no futuro: “É um grande ser humano, um homem muito competente. Não acredito em nada do que se tem passado. E posso adiantar que, quando o André estiver livre de todas estas situações, será um elemento com quem vou contar na minha estrutura porque é um homem muito válido, não só para a estrutura mas para o Sporting.” O terceiro regresso a casa Este é o terceiro regresso a Alvalade de Inácio, que enquanto jogador foi formado no clube e esteve oito épocas na equipa principal antes de se transferir para o FC Porto em 1982. O antigo defesa esquerdo voltou em 1999 para substituir interiname­nte o italiano Giuseppe Materazzi até que o Sporting contratass­e um novo treinador. Só que as coisas começaram a correr bem e acabou por ficar como treinador principal, conduzindo nessa época 1999-2000 a equipa leonina ao título de campeã, rompendo um jejum de 18 anos. Só que a meio da época seguinte foi despedido por causa de... José Mourinho, técnico que acabou por não entrar por causa da pressão dos adeptos.

O segundo regresso a Alvalade deu-se em 2013, com a primeira eleição de Bruno de Carvalho para a presidênci­a do Sporting, da qual foi um dos grandes apoiantes já no ato eleitoral anterior em 2011. Começou então por desempenha­r o cargo de diretor-geral do futebol, que manteve durante dois anos, precisamen­te até à entrada de... Jorge Jesus para orientar a equipa.

Nessa altura, Inácio foi obrigado a mudar de funções devido a uma zanga antiga com o treinador que vinha do Benfica. E como tal Jesus promoveu o regresso a Alvalade do amigo e seu homem de confiança Octávio Machado para gerir o futebol. Inácio assumiu a pasta das relações internacio­nais no clube, ao mesmo tempo que era comentador na televisão. Pelo meio, Inácio e Jesus enterraram o machado de guerra num almoço em Alcochete.

Estavam de costas voltadas desde 1997, quando Inácio treinava o Felgueiras na II Liga e foi convidado pelo Marítimo. O escolhido para o substituir no comando técnico dos durienses foi precisamen­te Jesus, que falhou o objetivo de subida e apontou o dedo ao seu antecessor, dizendo que se tivesse chegado mais cedo o Felgueiras tinha conseguido a promoção à I Liga. Inácio não gostou.

Em 2004, novo foco de conflito entre ambos. Jesus foi contratado pelo V. Guimarães para substituir... Inácio, que foi para o Belenenses. As duas equipas jogaram na Maia e Jorge Amaral, na altura adjunto de Jesus, deixou os papéis com a estratégia das bolas paradas no estádio. Umas semanas depois, o agora técnico leonino foi ver um jogo do Belenenses com o Moreirense e constatou que as bolas paradas da equipa de Inácio eram iguais às suas... o caldo voltou a entornar até que em 2015 voltaram a cumpriment­ar-se, esquecendo os arrufos do passado.

Em julho de 2016, Inácio deixou o cargo de relações internacio­nais do Sporting, alegadamen­te porque teria preferido o de comentador na SIC Notícias, algo que seria na altura incompatív­el com as fun-

Augusto Inácio e Jorge Jesus estiveram zangados durante anos e fizeram as pazes em Alvalade. Mas dificilmen­te irão trabalhar juntos

ções em Alvalade, de acordo com os regulament­os da Liga. Menos de dois anos depois desse adeus, volta agora à casa de partida para ajudar Bruno de Carvalho no momento mais turbulento da sua presidênci­a. Orgulhoso por estar de volta Em declaraçõe­s à SportingTV, Inácio confessou que regressa “com todo o orgulho e com todo o gosto”. “Recebi o convite do presidente para retomarmos um trajeto que foi iniciado em 2013. O Sporting precisa dos meus serviços e estou aqui com toda a honra para servir o Sporting da melhor forma possível”, afirmou, garantindo que a sua ambição é levar o clube “a patamares elevados” com o título de campeão na mira. “Trabalharm­os de forma unida e conjunta, porque o mais importante é dar alegrias aos adeptos, sócios e simpatizan­tes. São eles a forma motriz desta grande instituiçã­o”, prometeu.

A tarefa de Augusto Inácio não se apresenta fácil até porque o futebol leonino está em autêntica ebulição após as agressões aos jogadores na Academia, em Alcochete, que originaram uma séria ameaça de rescisões por parte dos futebolist­as. Mas dificilmen­te irá trabalhar com Jorge Jesus, que, ao que tudo indica, não vai continuar.

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Quase três anos depois, Augusto Inácio volta a ser o braço direito do presidente Bruno de Carvalho na gestão do futebol profission­al
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