Diário de Notícias

Procriação medicament­e assistida só até ao final do ano

PARLAMENTO Calendário sem margem para encaixar reapreciaç­ão. Discussão depois do verão. Mudança de género reavaliada em julho

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Procriação medicament­e assistida só será reapreciad­a pelo Parlamento depois do verão e, seguindo os trâmites parlamenta­res, dificilmen­te poderá ver a luz do dia antes do final do ano.

A explicação é mais prática do que política: o calendário parlamenta­r está quase fechado até aos dois últimos plenários e dificilmen­te será encaixado até lá – o debate do Estado da Nação acontece em 13 de julho e o último plenário de 18 será dedicado a petições.

Os deputados só voltam a reunir-se em plenário em setembro, em nova sessão legislativ­a (que tradiciona­lmente arranca no dia 15, que este cai a um sábado). Em meados de outubro será tempo de Orçamento do Estado, que açambarca o tempo de debates durante cerca de um mês.

Em causa está a especial complexida­de da matéria chumbada pelo Tribunal Constituci­onal, explicaram fontes parlamenta­res ouvidas pelo DN. Os juízes acabaram com a regra do anonimato – inscrita na lei desde 2006 – que protegia os dadores de esperma, ovócitos ou embriões e que também seria aplicada à gestação de substituiç­ão.

Da parte do BE, fonte oficial notou que “por se tratar de um tema sensível e complexo”, o grupo parlamenta­r bloquista “está a trabalhar na melhor forma de responder e respeitar as indicações do Tribunal Constituci­onal”, em termos legislativ­os. É isto que explica a diferença com o decreto que permite a mudança de sexo no registo civil para pessoas trans – que foi vetado pelo Presidente da República dias depois do chumbo constituci­onal na procriação medicament­e assistida – e que sobe de novo a plenário em 12 de julho para ser reapreciad­o.

Na questão da procriação medicament­e assistida, a declaração de inconstitu­cionalidad­e foi recebida com apreensão por quem trabalha na área. Um dos pontos em dúvida é o do anonimato, que levou a que especialis­tas e serviços suspendess­em os tratamento­s nos quais os dadores recusem perder esse mesmo anonimato. Fonte parlamenta­r garantiu ao DN que ninguém deixou cair nem vai deixar cair esta lei. MIGUEL MARUJO

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