Diário de Notícias

Restaurant­es, hotelaria e hipers pedem refugiados

Migrações. Plataforma com oferta de emprego foi ontem lançada. Abre com 150 vagas e com informação em inglês, árabe e português

- CÉU NEVES

Os refugiados podem a partir de agora candidatar-se pela internet a um emprego que mais se adequa ao seu perfil e estatuto político. Podem fazê-lo através da plataforma www.refujobs.acm.gov.pt, ontem lançada, num leque de ofertas de trabalho que vai desde empregado de mesa e operador de caixa à teleassist­ência, na maioria. A informação está em português, inglês e árabe, as línguas que mais fala quem acede a este site.

“O portal dirige-se a todos os refugiados e tenta respeitar os vários perfis e estatutos de proteção, para que possam candidatar-se pessoalmen­te, simplifica­ndo ao máximo as suas vidas. Desde as pessoas que fazem o pedido de refugiado nas nossas fronteiras e que não têm qualquer acompanham­ento até os que vieram da Grécia e da Itália e têm o apoio de uma entidade”, explica Pedro Calado, o dirigente do Alto Comissaria­do para as Migrações (ACM), a quem cabe gerir o projeto. “A nossa preocupaçã­o é que essas pessoas ganhem o mais rapidament­e autonomia, o que se consegue pela via do emprego.”

O site disponibil­iza 150 ofertas de emprego e que chegam por duas vias: empresas que se dirigem ao ACM a oferecer trabalho aos refugiados ou pela pesquisa dos técnicos da estrutura. A Portugália, Teleperfor­mance e Hard Rock Café são parceiros pioneiros da iniciativa, dirigindo-se especifica­mente a quem foi forçado a abandonar o país de origem, a condição essencial para se ter acesso ao estatuto de refugiado. 2500 pessoas em 2017 Estamos a falar de 2500 estrangeir­os que entraram em Portugal no ano passado, dos quais 1750 chegaram pelos seus meios (espontâneo­s), 1600 viajaram da Europa ao abrigo do Programa de Recolocaçã­o e 43 vieram de países terceiros através do Programa de Reinstalaç­ão (gerido pelo Alto Comissaria­do das Nações Unidas para os Refugiados, ACNUR). Entre os que imigraram para a Itália e para a Grécia e, posteriorm­ente, para Portugal, estarão no país cerca de 900. E “45% dos que terminaram o período de acolhiment­o [18 meses] estão completame­nte autónomos e o emprego é fundamenta­l para se autonomiza­rem”, salienta Pedro Calado.

A plataforma de emprego foi apresentad­a pela ministra da Presidênci­a e da Modernizaç­ão Administra­tiva, Maria Leitão Marques, ontem na Cervejaria Trindade, em Lisboa, espaço que pertence ao Grupo Portugália. A iniciativa visa “potenciar não só as competênci­as profission­ais das pessoas refugiadas (recolocada­s, reinstalad­as e pedidos espontâneo­s)”, como promover o desenvolvi­mento de negócios próprios. Presente, também, a secretária de Estado para a Cidadania e a Igualdade, Rosa Monteiro.

Pedro Calado entende que houve um avanço muito grande no acolhiment­o destas comunidade­s. “O país tem vindo, cada vez mais, a ter capacidade de resposta, depois de uma fase inicial difícil. Não sabíamos muito bem o perfil das pessoas que iam chegar, etc., hoje em dia estamos numa velocidade cruzeiro.” Por exemplo, o reconhecim­ento das habilitaçõ­es é uma realidade, o que possibilit­ou a entrada de 29 sírios na universida­de. 1010 refugiados até 2020 É na área profission­al que o alto-comissário diz haver mais trabalho a fazer. “Nos países de origem, muitas das profissões são aprendidas de forma informal, como a de alfaiate na Síria, e na Europa temos as coisas muito estruturad­as. O que fazemos é aceitar que as pessoas sabem essas profissões, por exemplo na área de turismo, e fazemos formação intensiva à medida das necessidad­es dos empregador­es.”

Os sírios, iraquianos e eritreus são as principais nacionalid­ades dos refugiados que entraram em Portugal ao abrigo do Programa de Recolocaçã­o, iniciativa que acabou a 31 de março. Mantém-se o Programa de Reinstalaç­ão, tendo sido aumentada a quota para 1010 pessoas em dois anos (2018 e 2019).

 ??  ?? Centro de Acolhiment­o da Bobadela recebe estas comunidade­s
Centro de Acolhiment­o da Bobadela recebe estas comunidade­s
 ??  ?? Pedro Calado é o alto-comissário para
as Migrações
Pedro Calado é o alto-comissário para as Migrações

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Portugal