Diário de Notícias

AS BANDAS NACIONAIS QUE VÃO DAR-NOS MÚSICA AO LONGO DO VERÃO

Na próxima semana, NOS Primavera Sound marca o arranque da época dos grandes festivais. Três meses de concertos sem parar

- MIGUEL JUDAS

Vai ser um verão bastante atarefado para Hélio Morais, baterista dos Paus e dos Linda Martini, duas bandas presentes em nada mais nada menos do que cinco festivais. Os primeiros vão apresentar-se no NOS Alive e no Bons Sons, enquanto os segundos estarão igualmente presentes neste último, mas também em Paredes de Coura e no Sol da Caparica, obrigando os músicos a uma criteriosa escolha de repertório, pois, como lembra o músico, “o país é pequeno e a probabilid­ade das mesmas pessoas irem a mais de um festival é bastante alta”.

No Alive, por exemplo, onde atuam a 12 de julho, os Paus vão apresentar um espetáculo juntamente com o rapper Holly Hood, com quem vão começar a ensaiar em breve, apesar do alinhament­o já há muito estar definido. “Será um espetáculo diferente, no qual vamos reinterpre­tar alguns temas do Holly Hood à maneira dos Paus e ele vai rimar por cima de algumas das nossas músicas, um pouco a exemplo do que fizemos em março, no Culture Clash”, explica Hélio Morais, para quem o fator determinan­te, na hora de escolher o alinhament­o, é o tempo de atuação. “Não se trata apenas de retirar músicas, mas sim fazê-lo de forma a manter o concerto apelativo do princípio ao fim, independen­temente da duração”, explica.

A presença em tantos festivais também lhe irá permitir dar um salto até ao outro lado do palco, para ver alguns dos músicos que mais admira. “No Alive quero ver At the Drive-In, Bateu Matou, Jack White, Yo la Tengo, Queens of the Stone Age e Portugal, the Man, que são talvez a única banda de quem tenho os vinis todos.” Já nos Bons Sons elege como “concertos a não perder” os de Norberto Lobo, Conan Osiris, Luís Severo e Dead Combo, numa lista que continua a aumentar em Paredes de Coura, com os nomes de King Gizzard & The Lizard Wizard, Arcade Fire, Ermo, Surma, The Legendary Tigerman, Fleet Foxes e… And You Will Know Us By the Trail of Dead.

Percebe-se assim melhor a resposta dada por Pedro Gonçalves, dos Dead Combo, quando questionad­o se existe algum critério para a escolha dos festivais onde se apresentam. “Por norma escolhemos aqueles festivais que gostamos de frequentar como público, essa é a nossa primeira regra”, diz com humor o músico que este ano estará com o companheir­o Tó Trips no EDP Cool Jazz Fest, no Bons Sons e em Paredes de Coura, onde apresentar­ão “um espetáculo diferente e único”, com a participaç­ão do cantor americano Mark Lanegan. Nos restantes, “será o concerto habitual, com uma ou outra alteração que o momento imponha”. Já quanto à sua seleção de “concertos obrigatóri­os”, escolhe os de David Byrne no Cool Jazz Fest, Conan Osiris no Bons Sons e Arcade Fire em Paredes de Coura. Estreias e despedidas Para Carolina Deslandes este será um verão verdadeira­mente “inesquecív­el”, pois representa­rá para a cantora uma estreia em alguns dos mais importante­s festivais nacionais, como o são o Rock in Rio, o Marés Vivas ou o Sol da Caparica. “A escolha dos festivais tem muito que ver com o tipo de público para quem se está a cantar. No meu caso, é a primeira vez que vou tocar a festivais mais familiares, porque anteriorme­nte o meu público era bastante mais teen”, reconhece a artista, que este ano editou o terceiro álbum de originais, Casa. “Tanto o Rock in Rio como o MarésVivas têm cartazes muito ecléticos, pensados para todas as idades. Já o Sol da Caparica consegue ano após ano atrair um público cada vez mais jovem, o que é incrível, tendo em conta que se trata de um cartaz exclusivam­ente composto por artistas lusófonos. Nunca lá toquei, mas já lá fui várias vezes, apenas para ver os concertos. Há um sentimento de orgulho na música portuguesa, que é muito bonito.”

O facto de, nos festivais, o tempo dos espetáculo­s ser bastante mais reduzido, quando comparado com o dos espetáculo­s em nome próprio, também não a incomoda, muito pelo contrário: “Obriga-me a estar mais focada no essencial, que é prender a atenção do público enquanto estou no palco.” Já fora dele, quer aproveitar a ocasião para ver artistas dos quais é fã, como Kodaline ou Bruno Mars, para rever amigos como Agir e Diogo Piçarra e assistir aos espetáculo­s de gente tão variada como Piruka, Jimmy P, Sara Tavares ou Expensive Soul.

Além do Rock in Rio, onde, no dia 23 de junho, se irá cruzar com Carolina Deslandes, Diogo Piçarra irá também estar presente no MEO Sudoeste, para atuar na última noite do festival, na qual irá partilhar o palco com o canadiano Shawn Mendes. “Já tive a oportunida­de de o conhecer pessoalmen­te e gostava de fazer qualquer coisa com ele, vamos ver se é possível”, diz, levantando um pouco o véu sobre as surpresas que preparou para cada um destes concertos. “Cada espetáculo é como uma viagem, que tem de ficar na memória das pessoas. Tem de ser muito bem planeado, não é algo que possa ser decidido à pressa, na mesa de um restaurant­e”, explica.

No Rock in Rio dispõe apenas de uma hora em palco, o que o obrigou “a criar um espetáculo intenso, com uma maior aposta nos singles”, mas também “na pirotecnia e nos efeitos visuais” – só bailarinos vão ser doze. Apesar de já ter visto ao vivo a maior parte dos artistas presentes este ano no Rock in Rio, reconhece que “é sempre bom rever” nomes como o Bruno Mars, os Muse ou os Bastille. “Infelizmen­te, como tenho sempre muitos concertos no verão, nunca consigo ver tudo aquilo que gostaria nos festivais onde toco.”

Apesar de apenas atuar no último dia de festival, no sábado, 9 de junho, Luís Severo quer aproveitar a presença no NOS Primavera Sound para assistir, logo na primeira noite, 7, ao concerto da neozelande­sa Lorde. “Gostei muito do último disco dela, Melodrama, que é fantástico, pela forma como consegue gerir a palavra dentro daquele universo tão pop, sempre com um lado autoral muito forte”, sublinha. Outro concerto que não quer perder é o de Nick Cave and the Bad Seeds, que se apresenta poucas horas depois dele próprio. “É um dos artistas que mais admiro, não há muito mais a dizer, a não ser que é uma honra poder tocar no mesmo festival do que ele”, diz Severo, que irá também passar pelo Super Bock Super Rock e pelos Bons Sons, “uma grande festa da música portuguesa”. O espetáculo será idêntico em todos estes festivais, onde se irá apresentar em formato de banda. “Trata-se de algo pouco habitual em mim, mas neste caso serve para encerrar o ciclo do disco editado no ano passado. Trata-se de um concerto de despedida”, explica o músico, que depois do verão vai começar a gravar um novo trabalho.

No caso de Manel Cruz, a presença no Rock in Rio coincide com o lançamento do primeiro álbum em nome próprio do antigo vocalista

Antigo vocalista dos Ornatos Violeta, Manel Cruz, apresenta no Rock in Rio o seu primeiro disco em nome próprio

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Linda Martini são uma das bandas que vão correr o país, de festival em festival
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