Governo ameaça não devolver tempo de serviço a professores
Ministro recusa os nove anos, quatro meses e dois dias e admite reduzir proposta a zero. Greves podem apanhar exames
A reunião de ontem entre o ministro da Educação, Tiago Brandão Rodrigues, e os sindicatos de professores acabou por extremar as posições entre as partes, com o governo a ameaçar retirar a oferta de dois anos, nove meses e 18 dias de tempo de serviço congelado que tinha admitido devolver aos docentes e estes a avisarem que, a menos que haja um recuo da tutela, as greves previstas para este mês serão alargadas, poderão abranger exames nacionais, e eventualmente estender-se ao próximo ano letivo.
O secretário-geral da Fenprof, Mário Nogueira, saiu visivelmente descontente da reunião de ontem de manhã, no Ministério da Educação, tendo acusado o Ministério de não só não se aproximar do tempo de serviço congelado que os docentes exigem ver devolvido – nove anos, quatro meses e dois dias – como de inclusivamente ter “feito chantagem”. Neste quadro, disse Nogueira, a dúvida já não é se os docentes irão para a greve mas se não serão necessárias outras formas de contestação.
Da parte da tarde foi ouvida a Federação Nacional de Educação, FNE, com o seu líder, João Dias da Silva, a repetir as acusações de “intransigência” ao governo. Em relação ao tempo de serviço, contou, o ministério terá mesmo dito que só aceitaria dar início à negociação “pormenorizada” sobre a forma como este será reposto se os sindicatos aceitarem desde já a oferta posta na mesa pelo governo.
Recorde-se que a exigência da devolução integral do tempo de serviço congelado já deu origem a vários protestos dos professores, nomeadamente uma manifestação nacional que juntou cerca de 50 mil pessoas em Lisboa.
Estavam já previstas para a segunda quinzena deste mês greves às reuniões de avaliação, abrangendo desde o pré-escolar ao décimo ano de escolaridade, caso o acordo falhasse. As greves a exames, bem como às avaliações dos alunos finalistas do secundário, tinham ficado de fora no pré-aviso de greve. Mas isso poderá agora mudar. Ainda há reuniões hoje e amanhã mas são sobre a organização do próximo ano escolar. P.S.T.