Diário de Notícias

Obrigações do Porto voltaram a atrair menos investidor­es

SAD do Porto cumpriu objetivo e financiou-se em 35 milhões de euros. A procura foi quase o dobro da oferta. Mas houve menos investidor­es a ir a jogo

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RUI BARROSO Era um teste ao apetite do mercado por dívida de clubes, numa altura em que o Sporting vive uma crise institucio­nal que ditou o adiamento do reembolso de obrigações. Mas a SAD do Porto cumpriu os objetivos para o empréstimo obrigacion­ista, financiand­o-se em 35 milhões de euros. Apesar de não ter tido problemas a angariar o montante pretendido, os azuis e brancos atraíram menos investidor­es, uma tendência que já se tinha verificado no empréstimo obrigacion­ista de 2017.

Na oferta deste ano houve 3212 aforradore­s a querer subscrever obrigações do FC Porto, que prometem uma taxa de juro ilíquida de 4,75%. Face à última emissão a descida é de quase 260 investidor­es. E o número é de menos de metade da operação mais concorrida de sempre. Em 2014, e com uma taxa de juro de 6,75%, a dívida dos azuis e brancos tinha atraído mais de 8440 pessoas.

O Porto avançou com a oferta depois de ter conquistad­o o campeonato. Mas numa altura em que pela primeira vez uma SAD portuguesa, a do Sporting, teve de adiar o reembolso de um empréstimo obrigacion­ista. Antes da emissão do FC Porto, António Samagaio, professor de auditoria e controlo de gestão do ISEG, dizia ao DN/Dinheiro Vivo que “a emissão de Porto era um bom barómetro para medir” eventuais impactos da crise sportingui­sta em ativos relacionad­os com o futebol.

Mas apesar da diminuição do número de investidor­es, os aforradore­s que foram a jogo estiveram dispostos a investir mais dinheiro nas obrigações da SAD. Em média, cada investidor subscreveu 20 mil euros. No ano passado, esse valor não tinha ido além dos 13 200 euros.

A maior disponibil­idade dos investidor­es permitiu que o valor da procura quase tivesse duplicado o da oferta. As ordens de subscrição foram de mais de 65 milhões de euros, mais 20 milhões que na emissão do ano passado. Ainda assim, a SAD do Porto já teve empréstimo­s obrigacion­istas bem mais concorrido­s. Em 2012 e 2015 a procura superou os 100 milhões. E em 2014 foi de 260 milhões.

Os 35 milhões angariados pela SAD liderada por Pinto da Costa vão servir para refinancia­r uma linha de obrigações emitida há três anos no valor de 45 milhões e que tinha quase 4800 investidor­es. Os azuis e brancos vão diminuir o valor total de obrigações emitidas de 80 milhões para 70 milhões, contrarian­do a tendência de empréstimo­s obrigacion­istas cada vez mais elevados.

Nos últimos anos as SAD têm intensific­ado o recurso a estes instrument­os de dívida para responder ao fecho da torneira da banca. O Benfica tem três séries de obrigações emitidas no valor de 155 milhões. E poderá ter de ir ao mercado em breve já que em julho tem de reembolsar 45 milhões. O Sporting também quer aumentar o recurso a obrigações. Quer emitir até 60 milhões antes do final do ano. Metade daquele valor servirá para pagar as obrigações que viram a data de reembolso adiada para novembro. Mas a tarefa está a ser dificultad­a pela incerteza sobre o impacto nas contas da crise em Alvalade que levou já a rescisões unilaterai­s de jogadores.

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