Os homens e as mulheres que apoiam Pedro Sánchez
O novo governo só é oficialmente conhecido hoje, mas ontem os nomes dos ministros de Pedro Sánchez foram sendo revelados pelos media espanhóis a conta-gotas. Primeiro-ministro socialista prometeu um governo paritário, tendo posto várias mulheres em posto
› A única vice-presidência do governo de Pedro Sánchez será ocupada por Carmen Calvo. A ex-ministra da Cultura de José Luis Zapatero, que foi a responsável no PSOE por negociar a aplicação do artigo 155.º na Catalunha (aquele que na prática suspendeu a autonomia da região), terá também a seu cargo a pasta da Igualdade. Calvo, de 61 anos, nasceu em Córdova, na Andaluzia, e é doutorada em Direito Constitucional. Feminista, a atual secretária da Igualdade do PSOE está por detrás da Lei da Igualdade Salarial e da Lei da Igualdade de Tratamento entre Homens e Mulheres no mercado de trabalho, as duas iniciativas mais emblemáticas dos socialistas na última legislatura.
María Jesús Montero, da Andaluzia para as Finanças
› A pasta das Finanças será ocupada por outra andaluza, a sevilhana María Jesús Montero, que era atualmente conselheira das Finanças do governo socialista da Andaluzia. Licenciada em Medicina, com um mestrado em Gestão Hospitalar, Montero foi subdiretora dos hospitais Virgen del Rocío e de Valme, antes de assumir a pasta da Saúde no executivo da Andaluzia. Há 11 anos no governo andaluz, ocupava desde 2013 a pasta das Finanças, sendo próxima de Susana Díaz – no que o El Mundo vê como um “gesto de reconciliação” com a presidente do executivo andaluz, com quem Sánchez disputou a corrida à liderança do PSOE. Será Montero a responsável pela gestão das contas públicas e do Orçamento do Estado, que Sánchez herda do governo do PP de Mariano Rajoy (falta aprovação no Senado).
Borrell, o catalão anti-independentismo na diplomacia
› O veterano Josep Borrell, catalão de 71 anos, ex-ministro das Obras Públicas, Transportes e Ambiente e antigo presidente do Parlamento Europeu, assume agora a pasta dos Negócios Estrangeiros. Uma nomeação que não agradou aos independentistas catalães, já que Borrell tem sido um dos dirigentes socialistas mais críticos em relação ao processo independentista da Catalunha. Europeísta convicto, Borrell tem uma longa experiência internacional, tendo sido presidente do Parlamento Europeu entre 2004 e 2007 e do Instituto Universitário Europeu de Florença de 2010 a 2012). A sua nomeação já foi aplaudida por Javier Solana, antigo ministro dos Negócios Estrangeiros espanhol e ex-secretário-geral da NATO. “Uma notícia muito boa. Conhecedor a fundo do que deve ser a nossa prioridade: a política europeia”, escreveu no Twitter.
Meritxell Batet, uma catalã à frente da política autonómica
› A catalã Meritxell Batet, professora de Direito Constitucional, será a responsável pela Administração Territorial e a política autonómica, devendo gerir a crise territorial aberta pelo separatismo catalão. Antiga secretária de Estudos e Programas do PSOE, faz parte da equipa de confiança de Sánchez desde as eleições de 2015, tendo sido segunda na lista por Madrid. Fez então parte da comissão negociadora que procurou um gover- no alternativo ao de Rajoy e que acabou por não ser bemsucedido. Nas eleições de junho de 2016, foi cabeça-delista por Barcelona.
Teresa Ribera na superpasta da Energia e Ambiente
› Secretária de Estado do Meio Ambiente e das Alterações Climáticas de Zapatero, quando representou Espanha em várias cimeiras mundiais sobre o clima – inclusive a de Paris em 2015 –, Teresa Ribera assume agora uma superpasta ministerial, que inclui ainda o setor da Energia. A madrilena já foi também diretora do centro responsável pelas políticas sobre Alterações Climáticas, entre 2004 e 2011.
Obras Públicas e Transportes para José Luis Ábalos
› O secretário de Organização do PSOE, o valenciano José Luis Ábalos, ficará com a pasta do “Fomento”, que em Espanha designa o ministério responsável pelas áreas de Obras Públicas, Transportes e Comunicações. Ábalos coordenou a apresentação da moção de censura contra Mariano Rajoy, que pôs Sánchez à frente do governo espanhol.
Nadia Calviño, do Orçamento da UE para a Economia
› A escolha de Sánchez para a pasta da Economia é a atual diretora-geral de Orçamento da União Europeia, Nadia Calviño. A galega é filha do histórico dirigente socialista José María Calviño, diretor-geral da rádio e televisão espanhola entre 1982 e 1986. Deixa o cargo que ocupava na UE num momento-chave para os 27 (fora o Reino Unido que deverá deixar a união já em 2019 após ter aprovado o brexit em referendo), quando é negociado o próximo orçamento europeu – para 2020-2026.
Carmén Montón para o Ministério da Saúde
› Tanto a relação próxima com Pedro Sánchez como o seu trabalho à frente desta área na Comunidade Valenciana, tudo indicava que Carmen Montón seria a escolha de Pedro Sánchez para o Ministério da Saúde. Licenciada em Medicina, mesmo se nunca exerceu por cedo se ter interessado e envolvido na política, esta valenciana nascida em Burjassot, estreou-se como vereadora da Cultura na sua cidade natal em 1999. Mas rapidamente se mudou para Madrid, após ser eleita deputada. Porta-voz da Comissão da Igualdade no Congresso, começou a trabalhar com Sánchez na Secretaria da Igualdade do PSOE. E foi ao lado deste que ficou quando o partido forçou a sua saída. Como responsável pela Saúde na Comunidade Valenciana aplicou políticas claramente de esquerda, revertendo as parcerias público-privadas criadas nas décadas anteriores. Sem medo de uma boa polémica e capaz de enfrentar quem não concorde com as suas ideias, o principal legado de Montón é a devolução à gestão do governo regional do Hospital de La Ribera, após 20 anos nas mãos de uma empresa privada.