Queres jogar futebol? Então estuda... nos EUA
Tiago Teixeira, Luís Boa Morte e Rafael Dimas são filhos de ex-jogadores de futebol e têm em comum o sonho americano. O continente que surgiu aos olhos dos europeus como uma terra de oportunidades infinitas seduz cada vez mais portugueses no futebol. São muitos os jogadores em idade escolar que anseiam por um contrato nos EUA, fazendo valer a expressão ouvida vezes sem conta da boca dos pais: “Queres jogar futebol? Então estuda.”
A Major League Soccer (MLS) tem a ambição de se tornar uma das três ligas mundiais mais importantes e competitivas antes de os EUA receberem o Mundial 2024 (com Canadá e México) e colocaram em marcha um plano que ajude o soccer (futebol) a crescer, começando pelo desporto universitário. Por isso as universidades estão cada vez mais interessadas em alunos portugueses. “Nesta altura já temos acordo com cerca de 50 universidades dos EUA”, contou ao DN Tasslim Sualehe, CEO da Next Level Sports, uma empresa de consultoria especialista na localização de bolsas de estudo em universidades norte-americanas.
Já realizaram o desejo de 46 alunos/atletas portugueses. E há mais 40 (dois de water polo, seis tenistas e o resto futebolistas) de malas feitas. Entre eles o filho do ex-leão Delfim, Tiago Teixeira, que jogava no Boavista. Deslumbrou vários treinadores, mas foi St. John’s (Nova Iorque) que o seduziu com uma bolsa universitária a 100% (65 mil dólares por ano). Também o filho de Luís Boa Morte se candidatou e ganhou uma bolsa (90 %) na Universidade Niagara. Rafael Dimas, filho do ex-jogador Dimas, já está na Camden College (Filadélfia). O sucesso do projeto, apadrinhado por Cedric, Eder e Jardim, está garantido, já que, na pior das hipóteses, os atletas saem com o canudo na mão.
Os alunos/atletas são escolhidos através de um jogo de futebol que é filmado e depois enviado às universidades, acompanhado de um relatório. Se forem escolhidos e aceitarem o acordo, terão de fazer um pequeno investimento (cerca de 2500 euros) e iniciar a preparação para o SAT (Scholastic Assessment Test ) e recebem formação de inglês através da Englishtown, que os prepara para o exame obrigatório TOEFL. Ser bom aluno não é essencial, mas ajuda na escolha.
E há casos em que o futebol ganha aos estudos, mesmo nos EUA. No ano passado muitos foram iludidos com a notícia de que João Moutinho ia jogar para a MLS. O quê, o Moutinho na MLS? Não era esse, o internacional português e jogador do Mónaco, era outro. Aquele que dá pelo nome de João Gervásio Bragança Moutinho e que jogava no Sacavenense antes de rumar ao Ohio com uma bolsa universitária. Quatro meses depois recebeu uma proposta dos Los Angeles FC e abandonou os estudos para ser jogador. Mais uma história que ajuda a prolongar no tempo o sonho americano.