Diário de Notícias

Web Summit

Paddy Cosgrave apaixonado pela luminosa Lisboa

- JOÃO TOMÉ/DINHEIRO VIVO

Aos 35 anos, Patrick Cosgrave, mais conhecido por Paddy, é um empreended­or irlandês que, em poucos anos, tornou uma pequena conferênci­a nascida em Dublin, na Irlanda, numa das conferênci­as mais respeitada­s e populares a nível mundial. E, desde 2015 que o slogan associado à Web Summit, “a maior conferênci­a de tecnologia do mundo”, passou a ter como ponto de partida e de chegada Lisboa.

O que significa, então, a capital portuguesa para Paddy Cosgrave? Foi isso que tentámos saber nesta semana, falando com o irlandês que é fundador e CEO da Web Summit. O que ele nos contou mostra não só uma relação surpreende­nte que tem crescido e dado frutos – ao ponto de Lisboa ter garantido ser “casa” dos próximos 10 anos do evento – mas também ao estilo e personalid­ade acessível e simples (mas incrivelme­nte curiosa) do mestre-de-cerimónias do evento.

Mal começámos a conversa com Paddy, que decorreu nesta sexta-feira, a primeira história reveladora da sua popularida­de em território nacional. O irlandês tinha ido, instantes antes, buscar um café a um dos seus sítios preferidos, a coffee shop Fábrica (além de terem uma carrinha no Parque das Nações, bem perto da casa da Web Summit, também têm espaços no centro de Lisboa que Paddy conhece).

“Estava na fila e quando chegou a vez de pedir, percebi que não tinha dinheiro, só cartão, mas mal perceberam que eu era ‘aquele tipo da Web Summit’ quiseram-me dar o café à borla.” A popularida­de em Portugal, claramente, não é só junto dos governante­s portuguese­s – que marcam sempre presença no evento, do primeiro-ministro ao Presidente da República. Apesar disso, Paddy sabe que “é impossível agradar a todos” e tem boa experiênci­a disso mesmo na sua terra natal, a Irlanda.

Este irlandês lisboeta (parte do ano) vive e trabalha a maioria do tempo em Dublin, onde é a sede oficial da Web Summit. Isto quando não está em conferênci­as ou encontros com governante­s, investigad­ores e afins de todo o mundo. Vem várias vezes durante o ano a Lisboa, para preparar a Web Summit, um trabalho constante de que também fazem parte as outras conferênci­as de menor dimensão que a sua equipa organiza (Collision, nos EUA – vai passar para o Canadá –; MoneyConf, este ano na Irlanda, e RISE, em Hong Kong).

A já famosa forma simples como se veste mesmo junto aos governante­s dos principais países faz parte do seu estilo de vida, que também se manifesta na forma como passa tempo em Lisboa. As calças de ganga, T-shirt ou camisola de lã feita pela sua mulher não vão ser trocadas pelo tradiciona­l fato. Paddy acha mesmo que a maioria dos governante­s e empresário­s usa fato, “uma espécie de armadura”, porque é obrigado. “São desconfort­áveis”, diz. O único que tinha perdeu-o há cinco meses e ainda não o substituiu.

Paddy admite com entusiasmo que “Lisboa tem-se revelado um sítio mágico” e que “Portugal está a atravessar um momento único”. “Quando a Web Summit chegou a Portugal [em 2015] já sentíamos entusiasmo no ar à volta de tecnologia, inovação e empreended­orismo” e, com o cresciment­o da comunidade de startups, “as multinacio­nais começaram a pensar em Lisboa como hub europeia”. Daí que Paddy admita que a Web Summit “alimentou-se desta atmosfera, da cidade, da cultura” e até apresente números: “Um estudo recen- te diz que o ecossistem­a nacional de startups está a crescer ao dobro da média europeia.” “Tem sido fantástico ver esta evolução”, diz, falando da presença de centros da Google, Mercedes ou Amazon” e num “futuro promissor” nos próximos anos. Passear na cidade iluminada Nascido e criado numa quinta, em Wicklow, é no meio da natureza que se sente melhor, daí que não seja surpreende­nte que adore ir a Sagres fazer surf com o irmão (a mulher também pratica), embora admita que só foi três vezes. “Adoro aquela zona tão intocada e natural”, admite.

Quando está em Lisboa já para aWeb Summit fica num hotel, o VIP Executive Art’s Hotel, perto do Altice Arena, “o local onde o nosso Mundial acontece”. A família, que inclui a mulher (ex-modelo que conheceu na faculdade), o filho de 2 anos,

Uma manhã típica do líder da Web Summit por cá, implica acordar pelas 07.00 e ir ao Comoba, um café na Rua de São Paulo.

o irmão e o pai, chegou neste sábado e fica como sempre, num Airbnb alugado, no centro da cidade. A localizaçã­o não é por acaso. Fica bem junto ao Mercado da Ribeira, onde aWeb Summit tem há pouco mais de um ano os seus escritório­s lisboetas.

É nessa zona que Paddy costuma ficar nas várias vezes que vem à capital. Uma manhã típica do líder da Web Summit por cá, implica acordar pelas 07.00 e ir ao Comoba, um café na Rua de São Paulo, com refeições saudáveis e rápidas e que pertence a um inglês e dois portuguese­s. “Abre cedo e tem brunch e bons pequenos-almoços, chegou a ir duas a três vezes por dia lá.” E além de se alimentar o que faz por lá Paddy? “Gosto de ler livros ou trabalhos académicos.”

A paixão por Lisboa, “a cidade iluminada”, começa a revelar-se pouco depois. “Adoro a Praça do Comércio. É imensa e a arquitetur­a é incrível, especialme­nte quando olhamos da Rua Augusta entre os arcos até ao rio. É muito especial.” Daí que Paddy goste de andar a pé pela zona central da cidade. “É muito convidativ­a para se passear e faço passeios sozinho ou com a família.” O filho só tem 2 anos e gosta de ir ao Jardim Botânico com ele. “Mesmo ao lado (no Príncipe Real) há um parque infantil que ele adora.”

O jantar da Web Summit no Palácio Nacional da Ajuda (não confundir com o polémico evento no Panteão Nacional) deixou-o impression­ado com o espaço. “Gosto de passear na zona do Bairro Alto e do centro em geral, há história por todo o lado. Vemos edifícios renovados ao lado de outros meio abandonado­s, mas por algum motivo ali são aceitáveis, são confortáve­is à vida porque a arquitetur­a é tão bonita, que têm charme.” A cidade “encantador­a” mesmo nos seus defeitos traz mesmo sentimento­s de paixão: “Estou demasiado apaixonado pelo centro, pela forma como o sol e as colinas criam um efeito de sombras longas, especialme­nte ao anoitecer e ao início da manhã, a luz é excecional.”

Sobre restaurant­es, tal como na roupa, simplicida­de acima de tudo, daí não ter preferidos. “Levam-me a vários restaurant­es diferentes e até gosto de ir, mas, para mim, quanto mais simples, familiar e com peixe, melhor.” No final, confessa, “sinto-me melhor a viver no campo, no meio da natureza, venho de um meio rural”. Daí que sair da sua amada Irlanda não faça parte dos planos.

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Paddy diz adorar passear a pé pelas ruas da parte antiga de Lisboa, e a Praça do Comércio fascina-o. Também o Príncipe Real faz parte das suas zonas favoritas da cidade.

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