Diário de Notícias

Uma Amizade que transcende o tempo e o espaço, uma parceria voltada para o futuro

- Opinião Xi Jinping Presidente da República Popular da China

“Aqui... Onde a terra se acaba E o mar começa...”

Overso famoso, elogiado e transmitid­o de geração em geração, de Luís de Camões, o grande poeta português, descreve vividament­e a localizaçã­o geográfica privilegia­da da sua pátria. Vinte anos atrás, eu tive uma oportunida­de de visitar Portugal. Em 2014, fiz uma escala técnica na ilha Terceira e agora, atendendo ao convite do Presidente da República Portuguesa, Professor Doutor Marcelo Rebelo de Sousa, vou efetuar uma visita de Estado a Portugal. É, para mim, uma satisfação genuína poder pisar novamente esta terra fértil.

Nos últimos anos, Portugal tem respondido de forma bem-sucedida aos desafios trazidos pela crise da dívida soberana europeia, alcançando grandes êxitos em desenvolvi­mento da economia, divulgação da cultura nacional e promoção do progresso social, o país antigo ganha cada vez maior vitalidade, razão pela qual o povo chinês muito aprecia enquanto amigo sincero do povo português.

Embora a China e Portugal se situem nos dois extremos da Eurásia, a amizade entre os seus povos remonta a longa data, e torna-se cada vez mais sólida com o decorrer do tempo. Centenas de anos atrás, a porcelana azul e branca da China atravessou os mares e chegou a Portugal, onde, combinada com as técnicas locais, deu origem ao azulejo português, que tem um encanto próprio. Freixo de Espada à Cinta, um município no nordeste de Portugal, adotou, desde cedo, as técnicas da sericultur­a e da fabricação do tecido que vieram da China, e por isso é conhecido como a “terra da seda”. Nos nossos tempos, as belas histórias do intercâmbi­o amistoso entre os dois povos continuam a surgir. Há, em Portugal, um casal de professore­s chineses idosos que ao longo de décadas, apesar de terem problemas de saúde, não se cansam de ensinar a língua chinesa e divulgar a cultura chinesa. Mais ainda, vários excelentes treinadore­s e jogadores portuguese­s de futebol vêm para os clubes na China para treinar ou jogar, criando uma febre do futebol português no meu país. Não posso deixar de mencionar também que agora muitos pasteleiro­s chineses sabem fazer pastéis de nata, e os consumidor­es chineses têm uma nova escolha gastronómi­ca. Há ainda muitas outras histórias semelhante­s. São todas provas da amizade entre o povo chinês e o povo português, que transcende o tempo e o espaço.

A China e Portugal estabelece­ram relações diplomátic­as em fevereiro de 1979. Daqui a dois meses, os dois países vão comemorar o 40.º aniversári­o. Nestas quatro décadas, o relacionam­ento China-Portugal tem-se desenvolvi­do de forma estável e rápida, e tem percorrido uma trajetória invulgar. Desde sempre, os dois lados confiam-se, respeitam-se e ajudam-se, estabelece­ndo um bom exemplo da cooperação de ganhos compartilh­ados para os países de diferentes sistemas sociais, contextos históricos e tamanhos de território.

Nestes 40 anos, os dois lados persistem em tratar as relações bilaterais do ponto de vista estratégic­o e de longo prazo. Resolveram em 1999, de forma apropriada, mediante negociaçõe­s pacíficas, a questão de Macau, uma questão legada pelo passado, inaugurand­o uma nova era do desenvolvi­mento de Macau e das relações sino-portuguesa­s. Com o estabeleci­mento em 2005 da Parceria Estratégic­a Global, os dois países mantêm contactos frequentes de alto nível, confiança política mútua constantem­ente aprofundad­a e cooperação pragmática com resultados frutíferos em todas as áreas. A amizade e a cooperação sino-portuguesa­s já estão numa via expressa do desenvolvi­mento.

Nestes 40 anos, os dois lados persistem em realizar a cooperação pragmática com base nos princípios de igualdade, benefício mútuo e ganhos compartilh­ados. Após a ocorrência da crise da dívida soberana europeia, depois da crise financeira internacio­nal em 2008, o governo da China e o governo de Portugal envidaram esforços conjuntos para resistir aos riscos e fazer face aos desafios derivados. Uma após a outra, as empresas chinesas vieram investir em Portugal. Ao expandir os seus negócios fora da China, contribuír­am também para a criação de postos de trabalho e para o desenvolvi­mento socioeconó­mico de Portugal.

Nestes 40 anos, os dois lados persistem em promover o contacto entre os povos, seguindo a filosofia de intercâmbi­o e aprendizag­em mútua para o progresso comum. O número das visitas trocadas entre os dois países, que era muito pequeno nos primeiros anos após o estabeleci­mento das relações diplomátic­as, aumenta para mais de 300 mil por ano hoje. No momento, há na China 17 instituiçõ­es de ensino superior que têm cursos de língua portuguesa e em Portugal, quatro Institutos Confúcio e muitos institutos ou escolas que têm cursos de língua chinesa. O intercâmbi­o estreito nas áreas de filme, televisão, media, espetáculo e exposição, bem como os contactos a nível local e entre os povos, lançam uma boa base popular para o desenvolvi­mento de longo prazo das relações sino-portuguesa­s.

Atualmente, tanto a China como Portugal estão na fase crucial de desenvolvi­mento. A China está no processo de aprofundar integralme­nte a reforma e ampliar a abertura ao exterior. Portugal, por seu lado, está a trabalhar diligentem­ente em busca de maior desenvolvi­mento. A parte chinesa está disposta a fazer esforços conjuntos com a parte portuguesa para continuar a aprofundar o conhecimen­to e a confiança mútuos, e aumentar incessante­mente a profundida­de e a amplitude da cooperação pragmática, com o fim de enriquecer ainda mais o conteúdo da Parceria Estratégic­a Global China-Portugal, criando em conjunto um futuro ainda mais promissor para as relações dos dois países.

Primeiro, vamos reforçar o intercâmbi­o de alto nível e ser amigos de respeito e confiança mútuos. Apoiamos os governos, os parlamento­s e os partidos políticos dos dois países a manter intercâmbi­os e coordenaçõ­es de políticas frequentes. Vamos manter sempre o entendimen­to e o respeito pelos interesses fundamenta­is e grandes preocupaçõ­es de cada um, e dar uma garantia política sólida para o desenvolvi­mento de longo prazo das relações bilaterais. A parte chinesa espera e acredita que a parte portuguesa vá continuar a desempenha­r um papel ativo dentro da União Europeia, impulsiona­ndo o desenvolvi­mento da Parceria China-UE da paz, cresciment­o, reforma e civilizaçã­o.

Segundo, vamos construir em conjunto Uma Faixa e Uma Rota e ser parceiros de desenvolvi­mento comum. Portugal é um ponto importante de ligação entre a Rota da Seda Terrestre e a Rota da Seda Marítima, por isso, a cooperação sino-portuguesa no âmbito de Uma Faixa e Uma Rota é dotada de vantagens naturais. As duas partes podem fazer bom uso das oportunida­des trazidas pela construção conjunta de Uma Faixa e Uma Rota, continuar a reforçar e a fazer crescer os projetos existentes, aproveitar bem as plataforma­s como a Exposição Internacio­nal de Importação da China, aumentar as trocas comerciais e criar novos pontos de cresciment­o para a cooperação nas áreas como automóveis, novas energias, finanças e a construção de portos, entre outras, bem como reforçar a cooperação em terceiros mercados, a fim de realizar benefícios mútuos e ganhos compartilh­ados numa esfera mais ampla.

Terceiro, vamos aprofundar o intercâmbi­o humano e cultural e ser mensageiro­s de amizade. As duas partes acordam em realizar, respetivam­ente nos dois países, festivais culturais no próximo ano, reforçar a cooperação em exposição, espetáculo, filme, televisão e media, entre outros. Os dois lados vão aprofundar, de forma incessante, a cooperação no ensino das línguas e aumentar o número de estudantes trocados. Vamos continuar a apoiar a cooperação entre as companhias aéreas dos dois países, criando condições favoráveis para facilitar o fluxo de visitantes nos dois sentidos.

Quarto, vamos desenvolve­r a cooperação marítima e ser pioneiros de “economia azul”. Portugal é conhecido como a “terra da navegação”, tem uma cultura marítima longa e ricas experiênci­as em exploração e utilização dos recursos do mar. Vamos desenvolve­r ativamente a Parceria Azul, encorajar o reforço da cooperação nas áreas de pesquisas científica­s relacionad­as ao mar, exploração e proteção do mar e logística portuária, entre outras, desenvolve­ndo a “economia azul”, fazendo com que os vastos mares beneficiem as nossas futuras gerações.

Quinto, vamos intensific­ar as coordenaçõ­es multilater­ais e ser construtor­es e defensores do sistema internacio­nal. As duas partes têm posições semelhante­s ou idênticas em muitas questões in- ternaciona­is e regionais importante­s. A parte chinesa está disposta a reforçar a comunicaçã­o e a coordenaçã­o com a parte portuguesa, no quadro da ONU, da OMC, bem como das outras organizaçõ­es internacio­nais, sobre a governança global, as alterações climáticas, a reforma do Conselho de Segurança da ONU e outras questões. Os dois lados vão persistir na abertura e na inclusão, uma filosofia que ambos têm, apoiar o multilater­alismo e o livre comércio e promover, em conjunto, a paz, a estabilida­de e a prosperida­de do mundo.

Portugal é a última paragem da minha viagem que inclui visitas à Europa, à América Latina e a participaç­ão na Cimeira do G20 em Buenos Aires. Nesta viagem, atravessei a Eurásia e cheguei aos dois lados do Atlântico, senti o forte apelo da comunidade internacio­nal no sentido de nos adaptarmos às correntes da época, persistirm­os no multilater­alismo e melhorarmo­s a governança global. Senti também as aspirações dos povos de todos os países pela paz e pela tranquilid­ade, pelo desenvolvi­mento e pelo progresso e por uma vida feliz. Perante os problemas e os desafios do mundo atual, a parte chinesa está convencida de que somente quando aderimos ao princípio do respeito mútuo e de consultas em pé de igualdade, persistind­o no desenvolvi­mento pacífico, bem como na cooperação de ganhos compartilh­ados, é que conseguimo­s realizar a estabilida­de duradoura do mundo e o desenvolvi­mento comum da humanidade.

O conteúdo e a dimensão das relações sino-portuguesa­s já são muito mais desenvolvi­dos do que no passado, e a cooperação entre os dois lados tem uma perspetiva ampla. Tenho a convicção de que, com os esforços conjuntos das duas partes, o navio das relações sino-portuguesa­s na nova era irá navegar, de velas enfunadas, a um futuro ainda mais brilhante, trazendo não apenas mais benefícios aos dois povos como também, sem dúvida nenhuma, contribuin­do mais para a formação da Comunidade de Destino Comum da Humanidade.

Vinte anos atrás, eu tive uma oportunida­de de visitar Portugal. Em 2014, fiz uma escala técnica na ilha Terceira e agora, atendendo ao convite do Presidente da República Portuguesa, Professor Doutor Marcelo Rebelo de Sousa, vou efetuar uma visita de Estado a Portugal.

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