Diário de Notícias

Polícias e secretas vigiam através das redes sociais

Segurança. A atividade dos organizado­res das manifestaç­ões está na mira das autoridade­s, que querem impedir a violência.

- VALENTINA MARCELINO

As polícias e as secretas nacionais estão a acompanhar há vários dias a atividade dos promotores das manifestaç­ões, quer através da recolha de informaçõe­s no terreno quer através da monitoriza­ção das redes sociais. “GNR, PJ, PSP e SIS estão a trabalhar em conjunto, com contactos permanente­s, há vários dias”, disse ao DN uma fonte policial que participa nesta troca de informaçõe­s.

O gabinete da secretária-geral do Sistema de Segurança Interna está a a coordenar e é informado em permanênci­a sobre a evolução da situação. A principal preocupaçã­o das forças de segurança é com os elementos mais radicais e extremista­s que pretendam provocar violência, cortes de estrada ou outras situações proibidas por lei.

“A partir do momento em que foi referencia­do o apoio e envolvimen­to de grupos ligados à extrema-direita, tanto a Polícia Judiciária como os serviços de informaçõe­s têm partilhado informação com as forças que estão no terreno, como a PSP e a GNR”, acrescento­u esta fonte.

O DN sabe que os Serviço de Informaçõe­s de Segurança (SIS) têm produzido vários relatórios, com base nas informaçõe­s recolhidas pelos seus espiões no terreno e nas redes sociais – através das quais está a ser organizada grande parte da atividade dos promotores destas manifestaç­ões.

A avaliação feita a uma semana das manifestaç­ões – marcadas para o próximo dia 21 – identifico­u uma quebra de adesões quando começou a ser divulgada o apoio da extrema-direita.

“Inicialmen­te notou-se que havia uma grande propensão para as pessoas aderirem ao protesto – o que não é de estranhar face ao descontent­amento e às greves de várias classes profission­ais –, mas, quando começou a ser noticiada a ligação a extremista­s, houve muita gente a recuar”, assinala a mesma fonte policial.

Para as autoridade­s, só durante a próxima semana se poderá fazer uma avaliação do grau de ameaça mais sólido. O objetivo, salienta, “é isolar os mais radicais e extremista­s e colocá-los sob vigilância da PSP e da GNR, de forma a impedir que haja violência”.

A PSP anunciou, entretanto, que vai reunir-se com organizado­res já identifica­dos, para procomando­s, curar encontrar soluções, com base no diálogo, que permitam que os participan­tes exerçam o seu direito a manifestar-se, sem pôr em causa a ordem pública.

Esta força de segurança prevê manifestaç­ões de “dimensão significat­iva em muitas cidades do país” promovidas pelo Movimento Coletes Amarelos Portugal, que está a ser apoiado pelo Partido Nacional Renovador (PNR), de extrema-direita.

Segundo avançou ao DN o porta-voz oficial da PSP, Alexandre Coimbra, na próxima segunda-feira estão agendadas reuniões com os promotores para “garantir que tudo correrá bem, com diálogo e responsabi­lidade”. A direção desta força de segurança informou, entretanto, os para suspender as folgas de todos os polícias no dia 21, data do protesto.

Alexandre Coimbra confirma que as folgas e os créditos horários dos efetivos da PSP foram suspensos por uma questão de “bom senso”, face à marcação dos protestos inspirados no movimento dos coletes amarelos em França, em que manifesta- ções resultaram em violentos confrontos entre manifestan­tes e polícias no centro de Paris.

Na sua diretiva operaciona­l, a PSP sublinha que o seu efetivo terá de ter uma especial atenção à segurança de pessoas e bens, mas também garantir que todos os cidadãos podem exercer todos os seus direitos de manifestaç­ão.

O apoio da extrema-direita aos coletes amarelos portuguese­s está a ser monitoriza­do pela Judiciária e pelo SIS.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Portugal