Diário de Notícias

Entrevista à nova Mary Poppins: “Até o meu marido chorou mal viu o filme”

É a atriz mais nomeada desta temporada de Hollywood. A britânica Emily Blunt é a ama mágica na sequela de Mary Poppins. O Regresso de Mary Poppins chega aos cinemas na quinta-feira.

- Emily Blunt

Onovo Mary Poppins, O Regresso de Mary Poppins, é como se fosse um espetáculo da Broadway. É claro que é uma sequela, mas Rob Marshall, o realizador, vai buscar toda a inspiração aos palcos dos musicais de Nova Iorque. E se já não há Julie Andrews, brilha Emily Blunt, robusta e com ar de ama ainda mais britânica. As suas nomeações aos SAG (os prémios do sindicato dos atores) em Um Lugar Silencioso, e neste, conferem-lhe um sorriso triunfal: “Quando soube que estava duplamente nomeada claro que celebrei”, diz-nos e diz-nos mais: “Com tequilha, adoro tequilha.”

Numa suite do Hotel Corinthia, Blunt enfrenta a imprensa com postura de Mary Poppins, de regresso das nuvens para salvar os ânimos da família Banks, onde as crianças cresceram, são pais e estão aflitos com dívidas à banca. Sim, desta vez, Mary Poppins fala de economia... A atriz britânica prefere antes falar do pavor que teve quando Rob Marshall endereçou o convite: “Sim, tive medo de ser a Mary Poppins, muito medo, embora soubesse que não se pode recusar uma oportunida­de destas.” Mas medo porquê? “Medo de não saber como iria conseguir fazer uma nova versão da personagem e conseguir ser diferente.”

Ao DN, faz outra confissão: “Se encontrei a pequena Emily Blunt neste filme? Digamos que todos nós encontrámo­s a criança que está dentro de nós. Sabe, é impossível ficar de fora de toda esta alegria! Todos os que trabalhara­m neste filme deram todo o seu amor e isso sente-se. Estar naqueles cenários leva-nos até à nossa infância, torna-se impossível evitar essa sensação. Senti-me nostálgica e especial em cada dia das filmagens. Foi mágico. Até o meu marido chorou mal viu o filme. Ele, os meus amigos mais cínicos, toda a gente.”

Tal como é agora muito corrente nos musicais de Hollywood, o playback ficou de fora. É mesmo Emily quem canta e encanta nesta continuaçã­o da Disney, mas é a própria quem revela um segredo: “Aquilo não é a minha voz, sou eu a fazer a voz e o sotaque da Mary. Talvez por isso não me tenha custado muito. Quando canto com a minha voz o resultado é diferente”, diz-nos, sublinhand­o que não é daquelas atrizes problemáti­cas que não gosta de se ver no grande ecrã: “Quando os atores dizem isso estão a mentir. Todos gostam de se ver no grande ecrã.”

Apesar de ser público, Emily continua a agradecer a atitude de Julie Andrews, já sem a sua voz de ouro, não ter querido fazer uma participaç­ão especial. Segundo se sabe, Julie queria que não houvesse distrações. Emily gostou disso mas realça que é impossível ser a Mary Poppins de 1964: “Esta Mary Poppins é diferente e não valeria a pena fazer da mesma maneira do que a Julie. Limitei-me a ler o argumento, os livros e a não rever o filme original. Há 28 anos que não vejo Mary Poppins e segurament­e que já não me lembro dos detalhes nem das cores daquilo tudo. Dentro do possível, construí este papel como se nunca antes tivesse sido interpreta­do, mas, tal como quase toda a gente, vi o filme quando era criança. Deve ter sido um dos primeiros filmes que vi.”

Ao contrário da versão de Julie Andrews, a Mary Poppins de Emily Blunt é bem fiel aos livros de Pamela Lyndon Travers: “Os livros ajudaram-me mesmo muito, mas nunca quis compor uma Mary Poppins para agradar apenas às pessoas. Há um lado da personagem bastante mais rude, excêntrico e egocêntric­o. Descobri também que nos livros ela é bem mais divertida. O que foi bom é que fui escolhida pelo Rob com muito tempo de antecedênc­ia e o meu amor por ela foi ganhando dimensão. Tive realmente muito tempo para me mentalizar que iria ter coragem para ser a Mary Poppins e perceber a melhor maneira de a representa­r. Na altura em que começámos a filmar, nada pareceu precipitad­o. Diria que foi um trabalho muito meticuloso”, conta, ao mesmo tempo que nos lembramos que também está nomeada para os Golden Globes, na categoria de melhor atriz de um filme de comédia/musical.

Na altura das despedidas, Emily garante estar cansada de toda a gigantesca operação de promoção ao filme. Diz que só quer ter um Natal em família de peúgas e pijama, mas continua com a postura impecável: “Não estou nada! Depois de tanta entrevista é impossível ter a postura certa, mas, repito, trabalhei muito a postura, a maneira como ela se move fisicament­e é a melhor representa­ção da sua essência. Você acha que é muito britânica?! Olhe que sou britânica e tomara ter essa postura sempre elegante...” Ao proferir essas palavras finge ficar subitament­e marreca.

O Regresso de Mary Poppins ataca forte neste Natal, em versão dobrada e original. Além da maravilhos­a Blunt, o elenco mete respeito: Colin Firth, Emily Mortimer, Ben Whishaw, Meryl Streep e o multipremi­ado Lin-Manuel Miranda, vedeta dos palcos da Broadway que se estreia aqui como protagonis­ta num filme de Hollywood.

“Foi mágico. Até o meu marido chorou mal viu o filme. Ele, os meus amigos mais cínicos, toda a gente”, diz.

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 ??  ?? Atriz leu o guião e os livros mas não viu o filme original, a ideia foi sempre fazer uma Mary Poppins diferente da original.
Atriz leu o guião e os livros mas não viu o filme original, a ideia foi sempre fazer uma Mary Poppins diferente da original.

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