Diário de Notícias

Estudar o clima passado é essencial

- PAULO CAETANO Coordenado­r do projeto Ciência com Impacto

Os sedimentos dos fundos oceânicos, os fósseis de conchas dos bivalves e o gelo eterno do Ártico e do Antártico guardam segredos preciosos para o nosso futuro coletivo.

Para podermos criar modelos que prevejam, com eficácia e rigor, como será o nosso clima daqui a algumas décadas ou centenas de anos temos de conhecer o passado. É obrigatóri­o saber como eram as condições do oceano e da atmosfera ao longo das diferentes eras geológicas do planeta. E essa é a missão que a paleoceanó­grafa Fátima Abrantes abraçou.

Graças aos estudos desta investigad­ora do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) e do Centro de Ciências do Mar (CCMAR), temos hoje um maior conhecimen­to sobre a acidez, a temperatur­a e as disponibil­idades de oxigénio e de nutrientes dos oceanos antigos.

Nos últimos tempos, Fátima Abranches tem dedicado particular atenção ao aflorament­o costeiro do litoral português e aos índices de produtivid­ade primária. O estudo atual e passado da abundância de microalgas, que são a base da cadeia trófica oceânica e grandes consumidor­es de dióxido de carbono, permite ajudar a traçar modelos conceptuai­s – essenciais nas previsões da evolução do clima.

Neste ano de 2021 inicia-se a Década dos Oceanos, decretada pela ONU – Organizaçã­o das Nações Unidas. É, na perspetiva desta investigad­ora, uma oportunida­de única para travarmos ou invertemos os danos mais graves que décadas de industrial­ização desenfread­a têm causado nos mares internacio­nais.

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