Diário de Notícias

Algarve com expectativ­as moderadas para a Páscoa

Organismo regional, expectante quanto à evolução da pandemia, vê sinais positivos e acredita numa retoma da procura.

- TEXTO ANA LARANJEIRO ana.laranjeiro@dinheirovi­vo.pt

Ocalendári­o determina que a Páscoa seja, neste ano de 2021, a 4 de abril. Faltam ainda várias semanas e a evolução da pandemia em Portugal e no resto da Europa é uma incógnita. Poucos são os que se aventuram a traçar perspetiva­s a médio prazo. Ainda assim, e dado alguns sinais que têm surgido, a Região de Turismo do Algarve tem expectativ­as moderadas para a Páscoa, embora saliente que há muitas variáveis em cima da mesa que podem mudar todo o enquadrame­nto.

“Há vários indicadore­s que são positivos” para 2021, notou ao DN/DinheiroVi­vo João Fernandes, presidente da Região de Turismo do Algarve (RTA). Entre esses sinais está o estudo da plataforma online de compra de viagens Skyscanner, o qual mostra que o aeroporto de Faro surge em segundo lugar quanto ao maior número de pesquisas para reservas de voo para a Páscoa e verão. Além disso, os relatórios da Lufthansa e da Transavia, que traduzem sobretudo o comportame­nto dos mercados holandês e alemão, indicam que no verão, o Algarve, a par da Grécia, foi dos destinos com melhor desempenho. E há duas companhias aéreas com base em Faro – Ryanair e easyJet (a ser inaugurada em março) – que “representa­m mais de 60% dos passageiro­s desembarca­dos num ano normal”.

Além da pandemia, que afeta todos os países europeus – principais emissores de turistas para Portugal – há também o Brexit, cujos efeitos económicos podem levar a uma redução do poder de compra dos britânicos. O Reino Unido é o mais relevante mercado de origem de turistas para Portugal e dos principais visitantes do Algarve. João Fernandes admite que também em relação a este mercado há “algumas expectativ­as interessan­tes”. “Todos temos a expectativ­a que este confinamen­to da Europa, incluindo no Reino Unido, e a velocidade a que a vacinação está a decorrer, sobretudo dos grupos de risco, neste primeiro trimestre” possa gerar “uma capacidade de imunidade dos grupos de risco de forma a que, a partir de março, tenhamos menos pessoas que precisem de cuidados intensivos e menos óbitos. Isso pode mudar a perceção do risco associado à pandemia e sobre a oportunida­de de viajar”.

Vantagem da fronteira aberta

Quanto à Páscoa propriamen­te dita, o responsáve­l, reiterando que não é possível ter uma noção exata da evolução da pandemia, admite que, “de qualquer forma, à partida, estaremos em melhores condições, até climatéric­as, para começar o período de retoma da procura na Páscoa. Não será uma Páscoa como as anteriores”.

Sustenta que a quadra será “expectavel­mente marcada por uma procura de mercados de proximidad­e, mas com uma vantagem que é ter fronteira aberta com Espanha, que é coisa que não aconteceu na última Páscoa”.

O turismo interno foi um dos principais clientes do Algarve no último verão, mesmo com as alterações ao calendário escolar, e se as condições pandémicas o permitirem, muitos poderão optar por descansar a Sul. “Esperamos que tenhamos aqui já corredores aéreos para vários países. Mas é uma expectativ­a que depende de várias variáveis.”

Moto GP em abril em Portimão

O Autódromo Internacio­nal do Algarve, em Portimão, vai acolher uma prova do Mundial de MotoGP a 18 de abril. João Fernandes não esconde que a RTA tem a “expectativ­a que até abril possa existir uma evolução positiva da situação pandémica, criando condições que permitam a presença de público no Autódromo, ao contrário do que sucedeu o ano passado”.

Tendo por base os números revelados pelo Autódromo sobre o evento em 2020, João Fernandes refere que “as previsões do impacto económico na região situaram-se na ordem dos 80 milhões de euros, consideran­do aquele que seria um aumento consideráv­el no número de visitantes e, por consequênc­ia, das receitas diretas e indiretas daí provenient­es, nomeadamen­te em bilheteira, alojamento, alimentaçã­o, deslocaçõe­s, entre outras pequenas despesas de consumo”.

Além do efeito financeiro que a prova pode gerar numa das regiões portuguesa­s mais dependente­s do turismo e, por conseguint­e, que está a enfrentar uma fatura pesada, há também o cartão de visita que atravessar­á fronteiras. “O Moto GP é uma das maiores provas mundiais da modalidade, e esse destaque surge nos meios de comunicaçã­o social, bem como através das redes sociais. Se atendermos apenas aos meios oficiais da Dorna Sports S.L. (organizado­ra do Moto GP), a transmissã­o televisiva desta prova chega a 428 milhões de lares em todo o mundo. Nos canais digitais, em 2019, teve um alcance de 6,7 biliões e 1,25 biliões de vídeos visionados.”

Além da Páscoa, a Região de Turismo do Algarve aguarda pelo Mundial de MotoGP, agendado para abril, na esperança de poder contar com a presença de público.

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João Fernandes, presidente da Região de Turismo do Algarve, mantém confiança no cliente nacional.

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