Ao telefone com os líderes de México e Canadá
PRESIDÊNCIA As primeiras chamadas de Biden foram para os vizinhos do sul, López Obrador, e do norte, Justin Trudeau.
Joe Biden conversou por telefone com o primeiro-ministro canadiano, Justin Trudeau, e ambos concordaram em ter uma nova conversa no próximo mês. Na sequência, o novo presidente dos EUA tratou de pandemia e de questões migratórias com o presidente mexicano, Andrés Manuel López Obrador.
As chamadas de ontem para os vizinhos do norte e do sul foram as primeiras com líderes estrangeiros desde que o democrata assumiu o cargo a 20 de janeiro.
A Casa Branca informou que, durante uma teleconferência de meia hora, Biden e Trudeau “destacaram a importância estratégica” do vínculo entre os dois países e discutiram como reforçar a “cooperação bilateral com uma agenda ampla e ambiciosa” que inclui a luta contra a pandemia de covid-19, o fortalecimento dos laços económicos e de defesa, além do desafio do aquecimento global.
E “acertaram reunir-se no próximo mês para avançar no importante trabalho de renovação da amizade profunda e duradoura entre o Canadá e os Estados Unidos”, segundo um comunicado do governo de Otava.
A modalidade da reunião bilateral – virtual ou presencial – e a data estão em aberto, informou o gabinete do primeiro-ministro canadiano, enquanto o comunicado da Casa Branca indica que os dois líderes concordaram simplesmente em “voltar a falar” no mês que vem.
A conversa com Trudeau centrou-se na luta contra a pandemia, mas também abordou questões espinhosas, como a decisão do governo de Biden de pôr fim a um oleoduto entre os dois países, acrescentou Otava. “O primeiro-ministro expressou a deceção do Canadá com a decisão dos Estados Unidos sobre o oleoduto Keystone XL”, disse o governo canadiano.
Já López Obrador informou, no Twitter, que, na conversa com Biden, o presidente americano se mostrou “amável e respeitoso” para com o México. “Tratámos de questões relacionadas com a migração, a covid-19 e a cooperação para o desenvolvimento e o bem-estar. Tudo indica que as relações serão boas para o bem dos nossos povos e nações”, escreveu.
Um comunicado do Ministério mexicano das Relações Exteriores detalhou que López Obrador celebrou que Biden tenha reconhecido “os contributos da comunidade migrante mexicana nos EUA”. Também reiterou a posição do seu governo de que a solução para o fenómeno da migração “passa pela promoção do desenvolvimento nas comunidades de origem”.
No que diz respeito à covid-19, destacaram a necessidade de uma “cooperação efetiva” e concordaram que os seus governos vão colaborar para enfrentar os desafios da situação de saúde global. Ambos os países têm questões delicadas na agenda: desde o fluxo migratório, passando pelo combate às drogas, até ao tráfico de armas dos EUA para o território mexicano.
A reformulação do combate ao narcotráfico é uma das questões mais difíceis, no momento em que a estratégia que envolvia o exército mexicano parece esgotada, e o presidente procura prescindir da Iniciativa Mérida, um acordo de cooperação entre os dois países.
López Obrador foi, juntamente com o presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, um dos líderes que mais demoraram a parabenizar Biden pela sua vitória, em plena campanha do ex-presidente Donald Trump para questionar os resultados eleitorais.
O vínculo entre Trump e López Obrador começou com tensões, depois de o ex-presidente dos EUA ameaçar sobretaxar o México, se não impedisse o fluxo de migrantes centro-americanos na fronteira sul dos EUA. Diante da pressão, o México mobilizou milhares de soldados para conter o êxodo. Posteriormente, concordou em assinar os Protocolos de Proteção ao Migrante, que estipulam que os estrangeiros que chegarem à fronteira sul dos EUA para solicitar asilo devem aguardar a resolução em território mexicano.