Sérgio e Rúben de acordo. Sporting fácil de desmontar, mas difícil de bater
Leões jogam no Dragão como líderes da I Liga e com mais dez pontos na tabela. Treinadores trocam elogios e não consideram que o jogo seja decisivo para o título.
Oclássico da 21.ª jornada da I Liga coloca hoje (20.30, Sport TV1) o campeão FC Porto perante o líder Sporting, a equipa mais bem posicionada para lhe roubar o título. Os dez pontos a mais na tabela dão algum (ou muito) conforto à equipa leonina na deslocação ao Dragão, onde a supremacia azul e branca tem sido arrasadora. No histórico dos últimos confrontos caseiros com o Sporting no campeonato, os portistas levam dez triunfos em 11 jogos. A última vitória leonina foi em 2015-16 (3-1, com um bis de Slimani) sob o comando de Jorge Jesus (agora treinador do Benfica).
A maior seca de títulos da história leonina ficará mais perto de acabar em caso de triunfo no Dragão. Neste cenário, a equipa de Rúben Amorim ficaria com 13 pontos (!) de avanço a 13 jornadas do fim do campeonato, e mais perto de um título que lhe foge há 19 anos. Uma derrota impedirá o Sporting de bater o recorde de jogos sem perder (1981-82), que já igualou (20 , 17 vitórias e três empates), e colocará o atual campeão a sete pontos e ainda na corrida à revalidação do cetro e à conquista do 30.º título nacional. O empate deixa tudo como está. Certo é que uma vantagem superior a cinco pontos à 20.ª jornada valeu sempre o título ao líder.
Os leões não têm apresentado um futebol exuberante, e nem sequer têm o melhor ataque (42 golos marcados, contra 45 do FC Porto) da I Liga, mas têm sido muito consistentes em termos defensivos (com um sistema de três centrais), sendo a equipa menos batida da prova (dez sofridos). Taremi (dez golos) e Pedro Gonçalves (14) são as atuais grandes figuras das equipas.
Sporting fácil de desmontar
Será o clássico decisivo na luta pelo título nacional? “É um jogo em que podemos ganhar três pontos e não deixar o adversário direto ganhar. Tem essa importância. Todos os jogos agora na segunda volta ganham o seu peso e a sua importância”, respondeu Sérgio Conceição, admitindo “pressão, mas da boa”, de quem está “habituado a jogos da Champions”.
Para o treinador do FC Porto, a explicação para a liderança leonina e os dez pontos de avanço à 20.ª jornada “depende da forma como cada um vê o futebol”, seja treinadores, público em geral, comentadores ou jornalistas. “O Sporting é uma equipa pragmática, que sabe o que quer dentro da simplicidade do jogo, difícil para os adversários. A simplicidade às vezes é o mais difícil de executar no futebol. Olha-se para o Sporting e percebe-se que é fácil de desmontar, mas se não formos competentes não conseguimos fazê-lo”, avisou o técnico.
Conceição admitiu ainda que ter nesta altura “mais sete jogos” nas pernas do que o adversário tem alguma influência em alguns jogos e momentos, mas não explica tudo. “Há trabalho e competência de Rúben e dos jogadores do Sporting”, considerou.
Francisco Conceição, formado no Sporting com Tiago Tomás, Nuno Mendes ou Eduardo Quaresma, tem sido um dos jogadores em evidência nos últimos jogos do FC Porto. Será titular no clássico? “Se está capacitado? Está, por que não?”, atirou Sérgio Conceição contando uma história sobre
o filho: “Vive na mesma casa que eu, ainda não tem carta, vem para o treino de táxi ou à boleia com os irmãos. Uma vez trouxe-o e deixei-o uns metros antes do Olival e ficou uma azia dos diabos. Entro como treinador do FC Porto não como pai do Francisco, do Rodrigo, do Sérgio, do José, do Moisés [nome dos cinco filhos]”, respondeu o treinador portista.
Rúben Amorim concordou com a análise de Sérgio Conceição. O Sporting é fácil de desmon
tar, assim como o FC Porto parece não ter segredos para o técnico leonino: “O FC Porto pode apresentar vários sistemas, penso que irão utilizar o 4x4x2. Taremi e Marega fazem uma boa dupla na frente. Assim como o FC Porto nos conhece, nós também os conhecemos. Vamos atirar-nos ao jogo da mesma maneira, para ganhar.”
E será este o jogo do título? “Não. É mais um jogo. Vamos defrontar o campeão nacional. A nossa preparação foi igual. Disseram que é o tudo por tudo para o FC Porto, mas também é para nós porque já não ganhamos há muito tempo”, recordou Amorim, esperando uma boa arbitragem e confirmando que “Paulinho é o único indisponível” na equipa, devido a lesão.
Mas o que muda no futebol leonino sem ele? “O Paulinho não é tão rápido como o Tiago Tomás, como o Jovane Cabral... mas é mais forte a segurar. É um jogador mais clássico, de área, e é por isso que o contratámos, porque é um jogador diferente daqueles que temos”, explicou, confessando: “Todas as equipas precisam de estrelinha. Nós temos tido, mas temos tido ainda mais competência.”