Diário de Notícias

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um “padrão de comportame­nto de género”, mas, diz a investigad­ora Maria Antónia Pires de Almeida, “as mulheres não se destacam pela positiva nos seus comportame­ntos enquanto representa­ntes das populações nos cargos que ocupam. No poder local as autarcas acabam por ter os mesmos comportame­ntos dos homens nos mesmos cargos, incluindo nos casos de baixa transparên­cia e mesmo de corrupção”.

Semelhante também é o facto de nos programas eleitorais e nas mensagens políticas “as mulheres não apresentar­em grandes diferenças em relação à generalida­de dos homens eleitos presidente­s”. E de até, na transparên­cia das informaçõe­s disponibil­izadas dos sites camarários, demonstrar­em “falta de interesse” nessa divulgação.

Nas eleitas presidente­s de câmara, o Partido Socialista está a larga distância dos restantes partidos com 18 mulheres. O PSD elegeu seis, PCP-PEV conseguiu quatro, três foram eleitas nas listas de independen­tes, uma numa coligação PSD-CDS.

Maria Antónia Pires de Almeida explica esta diferença com o tempo e o que parece ser uma diferença entre esquerda e direita. “Desde o início do regime democrátic­o, com as primeiras eleições em 1976, os partidos mais à esquerda do espetro político elegeram mais mulheres para as câmaras do que os mais à direita. E o PS pratica, por opção, a regra das quotas de género desde 1988. Provavelme­nte há uma maior preocupaçã­o na sua representa­tividade de género.”

Porém, na análise de José Manuel Leite Viegas, investigad­or integrado no CIES/ISCTE – Centro de investigaç­ão e Estudos de Sociologia, citado no estudo, apesar de o PS obter melhores resultados eleitorais “em termos partidário­s, o PCP e as coligações eleitorais por ele integradas são a força política que mais tem investido no género feminino”.

Maria Helena Santos (doutorada em Psicologia Social e das Organizaçõ­es e investigad­ora), Ana Espírito-Santo (doutorada em Ciências Políticas e Sociais ) e Ana Lúcia Teixeira (doutorada em Sociologia), que realizaram recentemen­te um estudo, centrado no PS e no PSD, verificara­m existir “um compromiss­o moderado, mas sério, com a lei de paridade (tanto nas suas ações como nos seus discursos), com o PS a ter um desempenho ligeiramen­te superior ao do PSD”, no entanto sublinham que é preciso não esquecer que o “PS foi o promotor desta lei e que as orientaçõe­s do líder político vão agora no sentido de se implementa­r a lei da paridade de facto, ou seja, os 50/50 e não ficar pelo mínimo. Tal pode, de alguma forma, contagiar o processo de eleição das mulheres para presidente­s de câmara”.

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