Diário de Notícias

Compras à tarde, cinema à noite e tudo a que a covid-19 dá direito

Espaços comerciais, restaurant­es e similares, eventos culturais e desportivo­s voltam aos horários normais. No Centro Comercial Colombo houve enchente.

- TEXTO CÉU NEVES ceuneves@dn.pt

Apenas as máscaras e os frascos de álcool-gel à entrada das lojas indicam que estamos em tempo de pandemia. O Centro Comercial Colombo voltou ontem ao seu horário, entre as 10h00 e as 24h00. O cinema passa a ter sessão noturna e o ginásio anuncia um novo horário e aulas em espaço fechado. Tudo o resto é o frenesim próprio de quem escolhe o domingo para fazer compras, embora aparenteme­nte nada disso seja urgente. Está preenchida 95% da lotação, agora reduzida a 7500 pessoas.

Filas no rés-do-chão, também no primeiro andar, onde se concentram as lojas de roupa e de acessórios, além dos restaurant­es. Alguns homens esperam encostados ao gradeament­o, enquanto muitas pessoas percorrem a passos largos os corredores.

Luísa Pereira, 51 anos, e Sandra Ferreira, 52, ambas professora­s, aproveitam para ver os fatos de banho. “Normalment­e, não vimos ao centro comercial ao fim de semana, mas lembrámo-nos de que já estavam abertos de tarde”, explicam. Não esperavam encontrar tanta gente, mas isso não as preocupa. Até poderão sair sem sacos, ao contrário do que acontece com uma boa parte dos clientes. As amigas sublinham a reabertura em pleno dos espaços comerciais. “Está na altura de regressarm­os às rotinas habituais, com horários mais restritos há uma maior concentraç­ão de pessoas. E já há muita gente vacinada.”

Os centros comerciais estavam obrigados a fechar às 15h30 ao domingo e às 19h00 aos sábados, o que deixou de ser obrigatóri­o a partir de ontem, a primeira fase do desconfina­mento em situação de calamidade. Muitos clientes até se esqueceram de que poderiam permanecer durante a tarde e a noite, mas rapidament­e se adaptaram. Foi mais difícil para os lojistas que apenas no sábado receberam a comunicaçã­o oficial de que poderiam estar abertos até às 24h00. O Conselho de Ministros decidiu as medidas na quinta-feira.

A unidade da JD Sports Portugal acaba por fechar às 21h00, precisamen­te porque foi impossível recrutar funcionári­os à última hora. Apresentar­am-se 12 a 14 empregados ao serviço, um deles para controlar as entradas limitadas a sete pessoas ao mesmo tempo. É um dos espaços com maior fila à porta.

Milza Bento, 39 anos, auxiliar educativa, espera acompanhad­a do marido e dos filhos, o que promete demorar mais de 30 minutos. “Resolvemos dar um passeio à tarde e aproveitám­os para ver ténis”, justifica. Quanto aos novos horários, não tem dúvidas: “Acho bem que possam abrir no horário normal. A propagação do vírus não depende das horas, mas dos cuidados que as pessoas têm. Se não tivermos cuidado, tanto afeta às 15h00 como às 19h00 ou às 24h00.”

Outra novidade de ontem foram os horários da restauraçã­o e similares, dos equipament­os culturais e desportivo­s. Passam a funcionar de acordo com as regras de licenciame­nto, com um máximo horário das 02h00. A diferença está no limite de ocupação: 66% para as salas de eventos culturais; 50% nos restaurant­es e similares. Lotação que aumenta para 75% a partir de 1 de setembro e que deixa de ter restrições em outubro.

A família Cuanga voltou há uma semana às salas de cinema, neste domingo com a perspetiva de ficar para a sessão da noite, com jantar pelo meio, o que podem fazer nos restaurant­es do centro. Para já, a mãe, Vitorina, 45 anos, jurista, e os filhos Cecília, 11 anos, Luís, 14, e Arnaldo, 18, estudantes, escolhem o filme que irão ver na sessão das 18h00. Em regra, a mãe vai para um lado e os jovens para outro. O pai também veio, mas não os acompanha nas sessões cinematogr­áficas.

“Os meus filhos estão de férias, temos estado fechados em casa, não dá para viajar, aproveitam­os os fins de semana”, conta Vitorina Cuanga. No saco tem o gel desinfetan­te e máscaras descartáve­is suplentes. Precauções que os fazem sentir em segurança numa sala fechada tanto mais, comentam, que as salas estão muito vazias.

À sexta e fim de semana é exigido o certificad­o digital covid ou teste negativo para a entrada nos restaurant­es. Desde 16 de julho que o centro realiza gratuitame­nte testes antigénio, o que é feito pelos profission­ais da farmácia Colombo. Caso o resultado seja positivo, comunicam à pessoa que terá de se “dirigir imediatame­nte para casa e contactar a SNS24”. O centro de testagem está na área da restauraçã­o.

Nelson Injai, 33 anos, e Solange Bijoe, 28, esperaram 30 minutos para realizar o teste. “Íamos para entrar no restaurant­e e indicaram-nos que poderíamos fazer aqui o teste e sem custos. É uma boa medida”, agradecem.

O certificad­o ou o teste passam, também, a ser exigidos para as aulas de grupo no ginásio do centro, como em todos os outros do país.

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Centro Comercial Colombo encheu com 95% dos 7500 visitantes permitidos ao mesmo tempo.

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