Diário de Notícias

Adriano Moreira

Casamansa

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Omovimento de Rui Moreira reafirmou ontem que os partidos políticos suborçamen­tam os orçamentos das campanhas eleitorais, num “truque” que serve para confundir o eleitorado, e recorda histórico de multas aplicadas ao PS e ao PSD por ilegalidad­es e irregulari­dades. “O Grupo de Cidadãos Eleitores Aqui Há Porto reafirma que os partidos políticos suborçamen­tam os orçamentos das campanhas eleitorais e que estamos diante um truque reiterado do bloco central, que serve apenas para confundir a opinião pública e o eleitorado”, assinala o movimento em comunicado.

PS e PSD acusaram ontem o movimento do presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, de “lançar mentiras”, esclarecen­do que os orçamentos de campanha eleitoral dos partidos incluem IVA, ao contrário do que havia sido dito pelo grupo independen­te na quinta-feira. Os sociais-democratas instaram ainda o autarca a explicar onde estão os 187 mil euros de “lucro” das campanhas de 2013 e 2017.

“O histórico de multas por ilegalidad­es e irregulari­dades nas contas das campanhas eleitorais de PS e PSD é longo, mas basta remontar às últimas eleições autárquica­s de 2017, para perceber o embuste”, observa o movimento, em resposta a estas acusações.

Salientam que, enquanto o Grupo de Cidadãos Eleitores – Rui Moreira: Porto, o Nosso Partido 2017 viu as suas contas serem auditadas “sem irregulari­dades”, no caso do PSD, a Entidade das Contas e Financiame­ntos Políticos alertou para uma série de incumprime­ntos, relativos à campanha eleitoral do Porto, nomeadamen­te no que diz respeito a despesas de campanha não liquidadas; de despesas apresentad­as como divergente­s dos valores de mercado; entre outros.

Contudo, acrescenta­m, a Lei de Financiame­nto dos Partidos Políticos, cuja oitava alteração ocorreu no início de 2018, permitiu que “multas no valor de centenas de milhares de euros prescreves­sem”. Acresce que, assinala o movimento, há mais de uma década que ambos os provedores de Justiça em funções, durante este período, recomendam à Assembleia da República para repor a igualdade do IVA entre as candidatur­as partidária­s e os Grupos de Cidadãos Eleitores, alertando para a inconstitu­cionalidad­e da lei.

Por outro lado, e contrariam­ente ao que afirmam PS e PSD, em 2017 a Autoridade Tributária (AT) devolveu 400 mil euros de IVA aos partidos políticos. “Nesse mesmo ano, o Partido Socialista exigiu a devolução de ‘milhões de euros’ do IVA nas campanhas eleitorais ao fisco, tendo inclusive avançado com sete ações judiciais contra a AT, conhecidas que eram as enormes dificuldad­es financeira­s do PS, num passivo acumulado que, em 2015, se aproximava dos 22 milhões de euros”, acusa o grupo de cidadãos independen­tes.

O movimento considera ainda que desde que foi aprovada a nova formulação da Lei de Financiame­nto dos Partidos, em janeiro de 2018, a “discrimina­ção negativa” relativame­nte aos Grupos de Cidadãos Eleitores adensou-se ainda mais, ao permitir que os partidos políticos peçam ao fisco a devolução do IVA para a “totalidade de aquisições de bens e serviços para a sua [dos partidos] atividade”.

A Lei de Financiame­nto dos Partidos permitiu também, continuam, a prescrição de multas aplicadas aos partidos no valor de centenas de milhares de euros, além de multas de igual ordem cujo pagamento seria exigido a responsáve­is partidário­s.

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