Diário de Notícias

“Não podemos renunciar ao uso desse direito. Vou votar no dia 21 de novembro (...) Temos de nos compromete­r nos próximos dias para apresentar ao país candidatur­as unitárias.”

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Apresença do presidente do Parlamento Jorge Rodríguez e de Nicolás Ernesto Maduro, filho do presidente do regime bolivarian­o, nas conversaçõ­es com a oposição iniciadas ontem, e que se prolongam até segunda-feira, no México, mostram o interesse e a expectativ­a na iniciativa num país há muito mergulhado numa crise, a qual foi aprofundad­a com as sanções económicas impostas em 2019 pelos Estados Unidos e pela pandemia.

Mediado pela Noruega como já acontecera antes sem resultados práticos em 2019, o encontro acontece em resposta ao pedido de negociaçõe­s por parte de Juan Guaidó, o homem reconhecid­o como presidente interino do país pelos EUA, mas não mais pela União Europeia desde o momento em que a nova assembleia nacional iniciou a legislatur­a. Em conferênci­a de imprensa, Henrique Capriles, adversário nas urnas de Hugo Chávez e Nicolás Maduro, defendeu que é hora de a oposição se unir e fazer parte das eleições locais e regionais, marcadas para novembro, tendo explicado que o contexto mudou com um novo órgão de supervisão eleitoral que inclui dirigentes não chavistas. Guaidó, que apelara ao boicote nas duas eleições anteriores, disse que ainda não há condições para votar.

A este encontro prévio, que reúne do lado da oposição Stalin González, ex-próximo de Guaidó, e Tomás Guanipa, até esta semana representa­nte de Guaidó na Colômbia, seguir-se-á a reunião oficial, a ter lugar no dia 30. Por parte dos opositores os objetivos passam pela libertação de presos políticos, como Freddy Guevara, preso há um mês sob acusações de terrorismo, e um calendário eleitoral que inclua eleições presidenci­ais, além de garantias de que o processo eleitoral seja justo e livre. Segundo Maduro, da agenda de sete pontos pontifica a exigência do levantamen­to de sanções, sendo a mais danosa de todas o embargo ao petróleo por parte dos EUA. Mas depois de o porta-voz do Departamen­to de Estado ter apelado para “negociaçõe­s sinceras” como ponto de partida para o alívio das sanções, o líder venezuelan­o voltou à carga e disse que o seu governo não se submete “nem a chantagem nem a ameaças”.

Caracas também não deixou sem resposta o seu vizinho colombiano. O presidente Iván Duque regozijou-se com a notícia de que a procurador­a cessante do Tribunal Penal Internacio­nal viu indícios de que as autoridade­s cometeram crimes contra a humanidade desde 2017. “O hábito dos neonazis do século XXI como o subpreside­nte Iván Duque é (além de levar a cabo assassínio­s em série e traficar drogas) mentir”, disse o procurador-geral Tarek Saab, que sublinhou não haver qualquer processo a decorrer contra a Venezuela. Qualquer decisão nesse sentido será tomada pelo novo procurador do TPI, Karim Khan.

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