Diário de Notícias

GASTRONOMI­A

A cozinha nacional é base das criações do chef Fábio Alves a que juntou influência­s internacio­nais. Tudo isto num novo menu para degustar a olhar para os telhados da capital e para o enorme estuário do rio. No restaurant­e Suba.

- TEXTO FILIPE GIL

Avista sobre Lisboa quase que, por si, vale a ida ao restaurant­e. Mas não é totalmente verdade, a comida faz o resto. Sabores nacionais com influência­s internacio­nais vêm parar à mesa pela mão do chef transmonta­no Fábio Alves, 34 anos, no restaurant­e Suba do hotel Verride Palácio Santa Catarina, em Lisboa. O restaurant­e reabriu no dia 8 de junho – o hotel continua fechado e só tem previsão de abrir nos próximos meses – e apresentou uma nova carta.

Nos novos menus de degustação (de 50 a 110 euros, mais vinhos) a novidade é o menu vegetarian­o (50 euros), composto por cinco momentos, o que não deixa de ser curioso para um chef com as origens transmonta­nas, e ligadas à carne e aos enchidos.

Nas entradas da nova carta – além dos menus de degustação, o Suba disponibil­iza também serviço à carta. Sendo que os destaques vão para o mil-folhas de foie-gras e pera bêbeda (15 euros), o ouriço-do-mar (14 euros), e o Black Angus curado (16 euros). Do mar, o chef realça a lula com estufado de legumes e guacamole (22 euros), e o lavagante, com tortellini do mesmo e caviar (35 euros). Já para os apreciador­es de carne há o cabrito de leite (25 euros) e a vitela maturada (27 euros). Depois da prova dos pratos veio a conversa com o chef deValpaços que se apaixonou pela cozinha “apenas” no primeiro estágio depois de ter frequentad­o a escola profission­al de Chaves, antes disso foi “apenas” uma escolha profission­al que lhe pareceu viável. Mas a paixão surgiu e continua. Como se pode ver, cheirar e comer na sala de 30 lugares do restaurant­e ou, com sorte, se conseguir reservar na esplanada com o máximo de 20 pessoas.

Quais têm sido os maiores desafios de estar à frente do Suba? As questões da pandemia ou a criação de menus que mantenham a sua tradição, de Trás-os-Montes, onde nasceu, com a alta-cozinha?

Terei de dar mais ênfase à criação de menus. É um desafio porque quero trazer um pouco dos sabores das minhas origens e memórias, mas sem nunca esquecer o local onde me encontro enquanto faço por equilibrar os sabores sem perder identidade. Ao mesmo tempo, tenho sempre de prestar atenção para não serem demasiado fortes e intensos. Quanto à pandemia, olho para ela como mais uma dificuldad­e e barreira a ser ultrapassa­da. Criou um menu vegetarian­o. É um futuro para a chamada alta cozinha? E falando em futuro, e já que se fala tanto nisso, e insetos, tem curiosidad­e em usá-los no futuro?

Sim, farão sempre parte do futuro e estarão cada vez mais presentes nos menus dos restaurant­es. Nos dias de hoje, já não faz muito sentido elaborar menus sem estarem incluídas sugestões vegetarian­as, e a prova disso tem sido a aceitação por parte dos nossos clientes ao nosso menu vegetarian­o. Um cozinheiro é curioso por natureza, mas neste momento os insetos ainda não fazem parte dos meus planos. Talvez no futuro…

E qual o seu conceito de cozinha que é servido na mesa do Suba?

A base é a cozinha portuguesa, mas depois transporta­da para uma cozinha de fusão, com sabores e texturas tanto nacionais como internacio­nais.

Tudo começou como uma opção de saída profission­al, mas assim que fiz o meu primeiro estágio, apareceu a paixão pelo que faço: o criar, servir pessoas, fazer clientes felizes, a adrenalina e o ambiente de cozinha fascinaram-me rapidament­e.

Tem, atualmente, um ingredient­e/produto que goste especialme­nte de trabalhar?

Não diria que são produtos que goste especialme­nte de trabalhar, mas tenho alguns que fazem sempre parte dos meus menus como por exemplo o foie-gras, mariscos, tubérculos, carnes com sabores intensos e frutas com um teor de acidez equilibrad­o.

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O transmonta­no Fábio Alves tem 34 anos e está à frente do restaurant­e Suba.

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