Diário de Notícias

Inovar. Há vida para além da política

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Ainovação é um motor do desenvolvi­mento dos países. A par com uma política fiscal atrativa, um sistema de justiça eficaz e outros custos de contexto controlado­s – como a burocracia –, inovar é um dos pilares centrais de suporte ao futuro. Não basta inovar apenas na política e na forma como se teatraliza­m cenários de chumbo de um Orçamento do Estado ou de eleições antecipada­s; a capacidade inovadora tem de ir para além disso. Tem de contagiar a economia, o ensino e a sociedade em geral, pois uma atitute empreended­ora e criativa é uma via verde para o progresso e cresciment­o.

Na Europa apenas três países aplicam 3% do produto interno bruto (PIB) em investigaç­ão e desenvolvi­mento (I&D). Suécia, Áustria e Alemanha ocupam esse pódio.

Portugal está bem mais abaixo na lista europeia, já que investe apenas 1,4% do PIB para esse efeito. Há muito que a Europa está a perder terreno para os Estados Unidos e para a China, e isso deve preocupar-nos a todos. Este não é um assunto que deva ficar fechado nas gavetas dos académicos, dos cientistas, dos informátic­os ou de uma elite de iluminados. No campo da inovação não há empates – ou se ganha ou se perde.

O Instituto Superior Técnico (IST), em Lisboa, entendeu esta necessidad­e e tem um plano de investimen­to de 12 milhões de euros em inovação, que se traduz num novo projeto cuja primeira pedra será colocada amanhã. Trata-se do Técnico Innovation Center, que ocupará o espaço da antiga Gare do Arco do Cego. Há uma década que havia a ideia, mas faltava o financimen­to e contornar burocracia­s, como é tão caracterís­tico neste país. Depois de forte empenho do IST, a Câmara Municipal de Lisboa cedeu por 50 anos o direito de superfície do Arco do Cego. Ali vai nascer uma nova centralida­de de inovação, aberta aos alunos e aos cidadãos, com promessas de criar valor nas áreas da tecnologia, investigaç­ão e conhecimen­to. Uma iniciativa que juntou os setores público e privado (Comissão de Coordenaçã­o e Desenvolvi­mento Regional de Lisboa e Vale do Tejo e a Fidelidade), quebrando certos mitos ideológico­s que acreditam que Estado e privados não podem trabalhar juntos. Não só podem como devem. A obra deve terminar daqui a dois anos (ler mais na página 15). Ganharão os alunos, os inovadores e Portugal.

Paulo Portas lembrava, numa conferênci­a da GS1 que decorreu na Nova SBE na quarta-feira, como a inovação pode catapultar as nações. Dava o exemplo do 4G, 5G e 6G, “em que a China detém o recorde das patentes”, uma tecnologia que estará presente em todos os setores e que “determinar­á a forma como o próprio mercado evoluirá”. Ao explicar o impacto da inovação, Portas sublinhou um fator diferencia­dor da China: ter uma política de longo prazo. “Não é por acaso que as previsões apontam para que, algures entre 2028 e 2033, ultrapasse os Estados Unidos, passando a ser a maior economia mundial.” Um desafiador que cresce a uma velocidade estonteant­e e desafia o incumbente. E nós, portuguese­s e europeus, que política e que lugar queremos ocupar neste campeonato?

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EDITORIAL Rosália Amorim Diretora do Diário de Notícias

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