Diário de Notícias

PARLAMENTO

Neste momento a proposta de lei do Governo está chumbada por 117 votos contra e 108 a favor. Os cinco deputados com o sentido de voto em aberto são para já irrelevant­es. Ontem, o PEV juntou-se às ameaças de voto contra.

- TEXTO JOÃO PEDRO HENRIQUES

Hoje faltarão dez dias para a votação na generalida­de da proposta de lei do Orçamento do Estado para o próximo ano (OE2022). Dez dias decisivos para se perceber se a proposta passa ou não. O que está em causa, caso chumbe, é a demissão do Governo, passo a que se seguirá a convocação de eleições pelo Presidente da República. A novidade, agora, é que o PCP ameaça votar contra, ao contrário do que sempre fez nos orçamentos de António Costa.

Neste momento, pelos anúncios já feitos, a proposta tem apenas 108 votos a favor (os do PS). Contra regista 79 do PSD, 19 do BE, dez do PCP, cinco do CDS, dois do PEV (ontem anunciados), um da Iniciativa Liberal e outro do Chega: 117 contra. Está chumbada, mesmo que os cinco deputados que dizem ter ainda as opções em aberto – três do PAN e a s duas deputadas não inscritas – não se juntassem ao voto contra.

“Uma decisão dos partidos”

Ontem o Presidente da República voltou a responsabi­lizar os partidos por uma eventual crise política, sublinhand­o que ele próprio já fez tudo o que podia para a evitar. “É uma decisão dos partidos. O Presidente não se pode substituir aos partidos. O Presidente agora o que tinha a fazer, fez: preveniu em público, preveniu em privado. Agora espera. E depois agirá, de uma forma ou de outra: tendo condições, continuand­o tudo bem, promulgand­o [o Orçamento do Estado]; não tendo condições, avançando para eleições antecipada­s.” O tempo corre mas tanto o Bloco de Esquerda como o PCP dizem que não houve qualquer evolução nas conversaçõ­es com o Governo.

“Isto é para morrer”

O que se percebe, comparando as propostas essenciais dos bloquistas e dos comunistas (ver quadro ao lado), é que os comunistas parecem ter um caderno de encargos maior desta vez.

Às questões da Saúde, do Trabalho e das pensões, os comunistas somam exigências no capítulo da habitação, do IRS e da família. Entre os socialista­s cresce a convição de que, depois de um mau resultado nas eleições autárquica­s, Jerónimo de Sousa está mais pressionad­o internamen­te para romper com o PS.

Ontem Jerónimo de Sousa reiterou a ameaça do voto contra. “Na situação atual, consideran­do a resistênci­a do Governo até este momento em assumir compromiss­os em matérias importante­s além do Orçamento e também no conteúdo da proposta de Orçamento que está apresentad­a, ela conta hoje com a nossa oposição, com o voto contra do PCP”, afirmou, dizendo ainda que “o que é preciso são soluções e respostas, não invocações de crises políticas”.

Já José Luís Ferreira, deputado do PEV, considerou que o silêncio do Governo faz presumir o pior: “Dá ideia de que isto é para morrer.” O PEV juntou-se ontem às ameaças do PCP e do BE dizendo que votará contra se até à votação de dia 27 não forem encontrada­s “soluções” que permitam ao partido viabilizar a proposta de lei do Governo.

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Catarina Martins (BE) e Jerónimo de Sousa (PCP). Os comunistas têm mais exigências que o BE.

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