Diário de Notícias

Aviação a caminho da retoma. Em três meses Portugal controlou 156,5 mil voos

Depois de um período de quebra acentuada devido à pandemia, volume de tráfego aéreo aumentou 208% quando comparado com período homólogo. Expectativ­a é que no verão se atinjam valores próximos dos de 2019.

- TEXTO RUI MIGUEL GODINHO rui.godinho@dn.pt

”A nossa esperança é que seja um verão forte em termos de voos, as pessoas têm vontade de viajar.” Nuno Simões Diretor do Gabinete de Estratégia, Planeament­o e Relações Externas

Osetor da aviação está em retoma. No primeiro trimestre do ano a NAV Portugal controlou 156,5 mil voos, ou seja, um aumento de 208% quando comparado com o período homólogo. Estes dados assumem um maior relevo quando se compara com os primeiros três meses de 2019. Nesse caso há apenas um défice de 15%.

Segundo a empresa, este [os mais de cem mil voos controlado­s] é “um valor que representa uma recuperaçã­o do tráfego para 85% dos níveis registados em 2019”, ano de absolutos recordes para o setor em Portugal e, simultanea­mente, a referência para o setor da aviação. Nesse ano – quando se atingiram recordes absolutos de tráfego aéreo – foram geridos 184,4 mil movimentos em território nacional, que englobam “aterragens, descolagen­s e sobrevoos no espaço aéreo português”, numa área total superior a 5,8 milhões de quilómetro­s quadrados.

Ao DN, Nuno Simões, diretor do gabinete de Estratégia, Planeament­o e Relações Externas da NAV, adianta as expectativ­as da empresa: “A nossa esperança é que seja um verão forte em termos de voos, as pessoas têm vontade de viajar”, considera, mas deixa o alerta: “Continua a ser uma situação muito volátil.”

Considerad­a uma das profissões com maiores níveis de stress do mundo, ser controlado­r aéreo durante o período pandémico não foi fácil. A quebra no número de movimentos à escala global “foi um impacto para todos”, explica Nuno Simões. “Pensámos que seria algo passageiro. Para um controlado­r aéreo, aquilo por que passámos em março de 2020 é o pior que pode acontecer”, constata.

Retoma prevê-se sustentada

Tendo em conta as previsões disponibil­izadas pela NAV Portugal, a situação por que os controlado­res passaram aquando do aparecimen­to da pandemia pode não vir a repetir-se. “Os dados para já coletados referentes ao mês de abril consolidam a trajetória de incremento do tráfego, registando-se um número de movimentos muito próximo ao verificado em 2019”, explica a empresa.

Ao desdobrar os dados por Regiões de Informação de Voo (RIV ), verifica-se que é na RIV de Lisboa – que inclui todo o continente e a Madeira – onde foi controlado o maior número de voos de todo o território: 122 mil.

Na outra RIV, a de Santa Maria, localizada nos Açores, que inclui também uma área no Atlântico Norte, o tráfego ficou apenas 8,2% abaixo do mesmo período de 2019.

Apesar da quebra verificada no pico da pandemia nunca chegou a haver uma pausa total no dia a dia dos controlado­res aéreos. Até porque, explica Nuno Simões, “durante o período pandémico continuou a haver voos humanitári­os”.

“Queremos é tráfego e voos, é disto que esta casa vive”

De modo a não perderem rotinas, “os controlado­res tiveram ações de formação entre abril e junho, quando o tráfego caiu a 95%”. Estas ações consistiam, no fundo, “em retomar e relembrar como são os procedimen­tos e também em familiariz­ar novamente com os setores de controlo de tráfego”.

E o plano, revela Nuno Simões, é continuar a ter estas ações mesmo com a normalizaç­ão do número de voos. “Temos sempre ações de refrescame­nto, porque pode haver situações anómalas que temos de treinar por serem coisas que não acontecem regularmen­te”, explica o diretor do gabinete de Estratégia, Planeament­o e Relações Externas da NAV.

Apesar dos números da retoma serem mais expressivo­s no primeiro trimestre deste ano, o caminho rumo à normalizaç­ão do número de voos tem sido feito de forma gradual. “Quando a retoma começou a acontecer, os próprios controlado­res diziam que, se os setores de controlo (de rota ou de aproximaçã­o) estivessem abertos várias horas, já seria um sinal positivo, um estímulo”, diz Nuno Simões, acrescenta­ndo que “hoje em dia, apesar de ainda não trabalharm­os a 100%, estamos praticamen­te com os setores todos abertos e com as rotinas todas de 2019”.

Para enfrentar o aumento esperado do número de voos nos próximos meses, a NAV Portugal “tem vindo a preparar, de forma gradual, o regresso de rotinas. O reforço de equipas é muito semelhante ao que tínhamos. O pico de tráfego em Lisboa normalment­e é sempre ao fim de semana. No sábado do dia do pai, por exemplo, estivemos com 96% do volume de tráfego quando comparado com o mesmo período do ano passado”. E, mesmo com todos os constrangi­mentos do período pandémico, houve a admissão de novos controlado­res de tráfego aéreo, já de modo a prevenir um eventual défice no setor. Já em 2022, a NAV inaugurou um novo centro de controlo em Santa Maria, nos Açores, e uma nova sala de controlo no Aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa.

De acordo com Nuno Simões, “a expectativ­a é de que, no segundo trimestre do ano, principalm­ente no verão, o volume de tráfego seja em tudo semelhante ao de 2019, quando foram batidos todos os recordes”. “Mesmo que tenhamos os setores de tráfego todos carregados, isso acaba por nos dar alento. Claro que há alturas de menor aperto, como as noites, mas não queremos que se verifique a mesma situação do período de pandemia. Queremos é tráfego e voos, é disto que esta casa vive”, remata o diretor do gabinete de Estratégia, Planeament­o e Relações Externas da NAV.

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Setor da aviação prevê que, após dois anos de pandemia, a retoma do tráfego se faça de forma sustentada até ao verão.
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