Em ano eleitoral, com muitos candidatos para poucas vagas no Congresso ou no governo dos estados, a gestão das diversas sensibilidades, e das vaidades pessoais, é ainda mais árdua.
envernizados e pragmáticos, o centrão”.
“Não há votos disponíveis para tantas fações diferentes, e parece improvável que aquele bolsonarismo puro-sangue aceite uma aliança com os demais”, conclui.
Para Bolsonaro, conciliar radicais, evangélicos, militares e profissionais da política nunca foi tarefa fácil. Logo em 2019, o radical Olavo de Carvalho chamava, entre palavrões, o general Mourão de “idiota” e “adolescente desqualificado” e os demais militares do governo de “fofoqueiros” e “desocupados”. Mourão rebateu – “ele não passa de um astrólogo”, aludindo à formação profissional do guru – e o general Santos Cruz, então no governo, fez coro: “Olavo é um vigarista profissional”.
Silas Malafaia, um dos líderes evangélicos mais próximos do Planalto, atacou, a espaços, outros bolsonaristas. E os deputados Alexandre Frota e Joice Hasselmann saíram da base do governo a trocar insultos com Carla Zambelli e Eduardo Bolsonaro, dois fiéis do presidente, o segundo dos quais chamado de “filho 03” pelo pai.
As querelas constantes levaram a uma cisão no partido, pela qual Bolsonaro ganhou as eleições – metade do Partido Social Liberal (PSL) rompeu com o presidente, a outra metade continuou a apoiar o governo.
O Aliança Pelo Brasil, um partido de extrema-direita criado em torno de Bolsonaro em 2019, com o senador Flávio Bolsonaro, o “filho 01”, como vice-presidente, foi fundado na sequência, mas não vingou por falta de assinaturas suficientes.
Bolsonaro transitou então, já este ano, para o Partido Liberal (um dos pilares do centrão, liderado por Valdemar Costa Neto, ex-preso no escândalo do Mensalão), levando consigo 45 deputados do PSL e de outras formações.
Em ano eleitoral, com muitos candidatos para poucas vagas no Congresso ou no governo dos estados, a gestão das diversas sensibilidades, e das vaidades pessoais, é ainda mais árdua.
O referidoWeintraub, além de fazer piadas com o sucessor evangélico, ainda se envolveu em controvérsias dentro da ala programática. Depois de perceber que Bolsonaro lhe recusaria apoio numa eventual corrida ao governo do Estado de São Paulo a favor do ministro da Infraestrutura Tarcísio Freitas, preferido pelo “centrão”, partiu para o ataque ao presidente. Foi chamado de “ingrato” pelo deputado Eduardo Bolsonaro e de “opositor sonso” pelo ex-secretário da Cultura Mário Frias, ambos “olavistas”, como ele.
Ernesto Araújo, o ex-ministro das Relações Exteriores também devoto de Olavo de Carvalho, acusou Fábio Faria, ministro das Comunicações ligado ao “centrão”, de “diluir e enfraquecer o projeto conservador original do governo”.
Janaína Paschoal, deputada estadual em São Paulo reverenciada pela direita desde que redigiu o pedido de Impeachment da então presidente Dilma Rousseff, veio a público criticar a candidatura de Damares Alves, ministra dos Direitos Humanos, ao Senado, promovida pelo próprio Bolsonaro. “Com a habilidade que Bolsonaro tem para reunir a direita, em 2023 teremos um Senado vermelho para dar sustentação a Lula”, disse Paschoal. É o braço de ferro na, digamos, sub-ala feminina do bolsonarismo.
Reportagem da revista piauí, onde foi utilizado o termo “bolsocanibalismo” pela primeira vez, dá conta do clima de guerra também na sub-ala dos aliados “plebeus” do